sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Radar espacial capta imagem da Lua para proteger a Terra

 

Imagem de radar da região onde a Apolo 15 pousou em 1971, com resolução de 5 metros. A formação que lembra uma cobra é o Hadley Rille, um resquício de atividade vulcânica antiga. A cratera no topo, ao lado do canal, é chamada de Hadley C e tem cerca de 6 quilômetros de diâmetro.
[Imagem: NRAO/GBO/Raytheon/NSF/AUI]

Radar espacial

Astrônomos e engenheiros deram um passo decisivo para tornar o radar uma ferramenta de observação espacial de alta resolução.

Os radares já vêm sendo usados para observar asteroides e outros pequenos corpos celestes que se aproximam da Terra, mas seu papel na defesa espacial tem sido limitado por imagens pouco claras e o pequeno alcance.

Para tentar superar essas deficiências, a equipe do Observatório Nacional de Radioastronomia, nos Estados Unidos, transformou a antena do maior radiotelescópio reposicionável do mundo - o Observatório Green Bank - em uma antena de transmissão de sinais de radar.

Para receber os sinais de volta, a equipe usou o telescópio virtual VLBA, que simula um telescópio do tamanho da Terra - foi ele o responsável por fazer a primeira foto de um buraco negro.

O resultado foi impressionante: uma imagem do local de pouso da Apolo 15 na Lua, com um nível de detalhamento inesperadamente elevado.

Radar espacial capta imagem da Lua para proteger a Terra
Antenas que formam o sistema de interferometria de base longa, funcionando conjuntamente como uma enorme antena, para receber os sinais de radar.
[Imagem: NRAO/AUI/NSF]

Radar de 500 kW

Embora seja o resultado de um trabalho de dois anos, o teste foi apenas uma prova de conceito, abrindo caminho para o projeto de um transmissor de radar mais poderoso para o telescópio.

Ainda mais energia permitirá a detecção e a construção de imagens de pequenos objetos que passam nas cercanias da Terra, alguns com risco de impacto.

Mas os resultados alcançados já deixaram os astrônomos confiantes de que poderão fazer imagens de luas orbitando outros planetas e, desta forma, muitos outros detritos no Sistema Solar.

O plano é desenvolver um sistema de radar de 500 quilowatts de potência, o que teoricamente o tornará capaz de gerar imagens de objetos no Sistema Solar com detalhes e sensibilidade sem precedentes, incluindo corpos tão distantes quanto as órbitas de Urano e Netuno.

"Este projeto abriu uma nova gama de recursos," disse o professor Tony Beasley, diretor do Observatório Nacional de Radioastronomia. "Já participamos de importantes estudos de radar do Sistema Solar, mas transformar o GBT [Green Bank Telescope] em um transmissor de radar planetário dirigível expandirá muito nossa capacidade de buscar novas linhas de pesquisa intrigantes."


Bóson de Higgs é encontrado em supercondutores

 

Esta ilustração mostra trilhões de pulsos de laser por segundo (flash vermelho) acessando e controlando os modos de Higgs (bolas douradas) no material supercondutor. Mesmo em diferentes faixas de energia, os modos de Higgs interagem entre si (fumaça branca). [Imagem: Jigang Wang]   Bóson de Higgs  Você ainda deve se lembrar do bóson de Higgs, também conhecido como "partícula Deus", descoberto em 2012 no LHC (Grande Colisor de Hádrons), rendendo aos seus idealizadores o Prêmio Nobel de Física no ano seguinte.  Agora, Chirag Vaswani e uma equipe de físicos de várias universidades norte-americanas descobriram uma forma da famosa partícula dentro de um material supercondutor, um material capaz de conduzir eletricidade sem resistência, geralmente em temperaturas muito baixas.  Não é para se estranhar que o bóson de Higgs seja encontrado em um material sólido - ou em qualquer outro material - e fora de um colisor de partículas, uma vez que, segundo a teoria, o bóson de Higgs permeia toda a matéria, dando massa às demais partículas - sem o bóson de Higgs para explicar a massa, todas as partículas conhecidas são meros campos, sem "materialidade".  De maior destaque é o fato de que os físicos argumentam ter descoberto "uma forma do bóson de Higgs", ou "modos híbridos de Higgs" - mesmo a famosa descoberta que rendeu o Nobel, normalmente referida como "a descoberta do bóson de Higgs", consta no meio científico como "a descoberta de um bóson de Higgs".  Modos de Higgs  Vaswani e seus colegas usaram uma ferramenta chamada espectroscopia quântica de terahertz para visualizar e orientar pares de elétrons que se movem através de um supercondutor. Conhecidas como pares de Cooper, essas duplas são atualmente a explicação mais aceita para a emergência da supercondutividade.  A ferramenta usa flashes de laser como um botão de controle para acelerar supercorrentes e acessar estados quânticos novos e potencialmente úteis da matéria.  A novidade é que a equipe conseguiu produzir filmes finos cristalinos muito puros de um supercondutor à base de ferro, com uma qualidade alta o suficiente para revelar a tão esperada assinatura do "modo de Higgs".  Como a espectroscopia permite ajustar com precisão os pulsos de laser, a equipe conseguiu detectar o que eles chamam de modos híbridos de Higgs em várias faixas de energia.  "Nossos resultados fornecem evidências convincentes de um acoplamento controlado por luz entre os modos de amplitude de elétrons e lacunas assistido por forte entrelaçamento quântico interbandas. Tal controle de luz da hibridização de Higgs pode ser estendido para sondar o entrelaçamento de muitos corpos e simetrias ocultas em outros sistemas complexos," escreveu a equipe.   A equipe conseguiu detectar os modos híbridos de Higgs em várias faixas de energia controlando os pulsos de laser. [Imagem: Chirag Vaswani et al. - Jigang Wan]   Usos práticos  Embora sejam estados de curtíssima duração, a equipe acredita que há muitas vantagens em descobrir esses modos de Higgs em materiais supercondutores fáceis de fabricar - por exemplo, usar esses estados quânticos na fabricação de sensores.  "É como se o Grande Colisor de Hádrons pudesse usar a partícula de Higgs para detectar a energia escura ou a antimatéria, para nos ajudar a entender a origem do universo", disse o professor Jigang Wang, da Universidade Estadual de Iowa. "E nossos sensores de modo Higgs de mesa têm o potencial de nos ajudar a descobrir os segredos ocultos dos estados quânticos da matéria. É uma maneira pela qual este exótico e estranho mundo quântico pode ser aplicado à vida real."  De fato, os supercondutores, como os usados neste experimento, são os elementos centrais em uma das plataformas mais avançadas da computação quântica, por meio dos chamados "qubits supercondutores".  Qualquer nova ferramenta para sua manipulação, ou que permita que os supercondutores revelem novas funcionalidades, pode ter impacto importante no processamento, gravação, armazenamento e comunicação quânticas.    Bibliografia:  Artigo: Light quantum control of persisting Higgs modes in iron-based superconductors Autores: Chirag Vaswani, Jong-Hoon Kang, Martin Mootz, Liang Luo, Xu Yang, Christopher Sundahl, Di Cheng, Chuankun Huang, Richard H. J. Kim, Zhaoyu Liu, Yesusa G. Collantes, Eric E. Hellstrom, Ilias E. Perakis, Chang-Beom Eom, Jigang Wan Revista: Nature Communications Vol.: 12, Article number: 258 DOI: 10.1038/s41467-020-20350-6
Esta ilustração mostra trilhões de pulsos de laser por segundo (flash vermelho) acessando e controlando os modos de Higgs (bolas douradas) no material supercondutor. Mesmo em diferentes faixas de energia, os modos de Higgs interagem entre si (fumaça branca).
[Imagem: Jigang Wang]

Bóson de Higgs

Você ainda deve se lembrar do bóson de Higgs, também conhecido como "partícula Deus", descoberto em 2012 no LHC (Grande Colisor de Hádrons), rendendo aos seus idealizadores o Prêmio Nobel de Física no ano seguinte.

Agora, Chirag Vaswani e uma equipe de físicos de várias universidades norte-americanas descobriram uma forma da famosa partícula dentro de um material supercondutor, um material capaz de conduzir eletricidade sem resistência, geralmente em temperaturas muito baixas.

Não é para se estranhar que o bóson de Higgs seja encontrado em um material sólido - ou em qualquer outro material - e fora de um colisor de partículas, uma vez que, segundo a teoria, o bóson de Higgs permeia toda a matéria, dando massa às demais partículas - sem o bóson de Higgs para explicar a massa, todas as partículas conhecidas são meros campos, sem "materialidade".

De maior destaque é o fato de que os físicos argumentam ter descoberto "uma forma do bóson de Higgs", ou "modos híbridos de Higgs" - mesmo a famosa descoberta que rendeu o Nobel, normalmente referida como "a descoberta do bóson de Higgs", consta no meio científico como "a descoberta de um bóson de Higgs".

Modos de Higgs

Vaswani e seus colegas usaram uma ferramenta chamada espectroscopia quântica de terahertz para visualizar e orientar pares de elétrons que se movem através de um supercondutor. Conhecidas como pares de Cooper, essas duplas são atualmente a explicação mais aceita para a emergência da supercondutividade.

A ferramenta usa flashes de laser como um botão de controle para acelerar supercorrentes e acessar estados quânticos novos e potencialmente úteis da matéria.

A novidade é que a equipe conseguiu produzir filmes finos cristalinos muito puros de um supercondutor à base de ferro, com uma qualidade alta o suficiente para revelar a tão esperada assinatura do "modo de Higgs".

Como a espectroscopia permite ajustar com precisão os pulsos de laser, a equipe conseguiu detectar o que eles chamam de modos híbridos de Higgs em várias faixas de energia.

"Nossos resultados fornecem evidências convincentes de um acoplamento controlado por luz entre os modos de amplitude de elétrons e lacunas assistido por forte entrelaçamento quântico interbandas. Tal controle de luz da hibridização de Higgs pode ser estendido para sondar o entrelaçamento de muitos corpos e simetrias ocultas em outros sistemas complexos," escreveu a equipe.

Esta ilustração mostra trilhões de pulsos de laser por segundo (flash vermelho) acessando e controlando os modos de Higgs (bolas douradas) no material supercondutor. Mesmo em diferentes faixas de energia, os modos de Higgs interagem entre si (fumaça branca). [Imagem: Jigang Wang]   Bóson de Higgs  Você ainda deve se lembrar do bóson de Higgs, também conhecido como "partícula Deus", descoberto em 2012 no LHC (Grande Colisor de Hádrons), rendendo aos seus idealizadores o Prêmio Nobel de Física no ano seguinte.  Agora, Chirag Vaswani e uma equipe de físicos de várias universidades norte-americanas descobriram uma forma da famosa partícula dentro de um material supercondutor, um material capaz de conduzir eletricidade sem resistência, geralmente em temperaturas muito baixas.  Não é para se estranhar que o bóson de Higgs seja encontrado em um material sólido - ou em qualquer outro material - e fora de um colisor de partículas, uma vez que, segundo a teoria, o bóson de Higgs permeia toda a matéria, dando massa às demais partículas - sem o bóson de Higgs para explicar a massa, todas as partículas conhecidas são meros campos, sem "materialidade".  De maior destaque é o fato de que os físicos argumentam ter descoberto "uma forma do bóson de Higgs", ou "modos híbridos de Higgs" - mesmo a famosa descoberta que rendeu o Nobel, normalmente referida como "a descoberta do bóson de Higgs", consta no meio científico como "a descoberta de um bóson de Higgs".  Modos de Higgs  Vaswani e seus colegas usaram uma ferramenta chamada espectroscopia quântica de terahertz para visualizar e orientar pares de elétrons que se movem através de um supercondutor. Conhecidas como pares de Cooper, essas duplas são atualmente a explicação mais aceita para a emergência da supercondutividade.  A ferramenta usa flashes de laser como um botão de controle para acelerar supercorrentes e acessar estados quânticos novos e potencialmente úteis da matéria.  A novidade é que a equipe conseguiu produzir filmes finos cristalinos muito puros de um supercondutor à base de ferro, com uma qualidade alta o suficiente para revelar a tão esperada assinatura do "modo de Higgs".  Como a espectroscopia permite ajustar com precisão os pulsos de laser, a equipe conseguiu detectar o que eles chamam de modos híbridos de Higgs em várias faixas de energia.  "Nossos resultados fornecem evidências convincentes de um acoplamento controlado por luz entre os modos de amplitude de elétrons e lacunas assistido por forte entrelaçamento quântico interbandas. Tal controle de luz da hibridização de Higgs pode ser estendido para sondar o entrelaçamento de muitos corpos e simetrias ocultas em outros sistemas complexos," escreveu a equipe.   A equipe conseguiu detectar os modos híbridos de Higgs em várias faixas de energia controlando os pulsos de laser. [Imagem: Chirag Vaswani et al. - Jigang Wan]   Usos práticos  Embora sejam estados de curtíssima duração, a equipe acredita que há muitas vantagens em descobrir esses modos de Higgs em materiais supercondutores fáceis de fabricar - por exemplo, usar esses estados quânticos na fabricação de sensores.  "É como se o Grande Colisor de Hádrons pudesse usar a partícula de Higgs para detectar a energia escura ou a antimatéria, para nos ajudar a entender a origem do universo", disse o professor Jigang Wang, da Universidade Estadual de Iowa. "E nossos sensores de modo Higgs de mesa têm o potencial de nos ajudar a descobrir os segredos ocultos dos estados quânticos da matéria. É uma maneira pela qual este exótico e estranho mundo quântico pode ser aplicado à vida real."  De fato, os supercondutores, como os usados neste experimento, são os elementos centrais em uma das plataformas mais avançadas da computação quântica, por meio dos chamados "qubits supercondutores".  Qualquer nova ferramenta para sua manipulação, ou que permita que os supercondutores revelem novas funcionalidades, pode ter impacto importante no processamento, gravação, armazenamento e comunicação quânticas.    Bibliografia:  Artigo: Light quantum control of persisting Higgs modes in iron-based superconductors Autores: Chirag Vaswani, Jong-Hoon Kang, Martin Mootz, Liang Luo, Xu Yang, Christopher Sundahl, Di Cheng, Chuankun Huang, Richard H. J. Kim, Zhaoyu Liu, Yesusa G. Collantes, Eric E. Hellstrom, Ilias E. Perakis, Chang-Beom Eom, Jigang Wan Revista: Nature Communications Vol.: 12, Article number: 258 DOI: 10.1038/s41467-020-20350-6

A equipe conseguiu detectar os modos híbridos de Higgs em várias faixas de energia controlando os pulsos de laser.
[Imagem: Chirag Vaswani et al. - Jigang Wan]


Usos práticos

Embora sejam estados de curtíssima duração, a equipe acredita que há muitas vantagens em descobrir esses modos de Higgs em materiais supercondutores fáceis de fabricar - por exemplo, usar esses estados quânticos na fabricação de sensores.

"É como se o Grande Colisor de Hádrons pudesse usar a partícula de Higgs para detectar a energia escura ou a antimatéria, para nos ajudar a entender a origem do universo", disse o professor Jigang Wang, da Universidade Estadual de Iowa. "E nossos sensores de modo Higgs de mesa têm o potencial de nos ajudar a descobrir os segredos ocultos dos estados quânticos da matéria. É uma maneira pela qual este exótico e estranho mundo quântico pode ser aplicado à vida real."

De fato, os supercondutores, como os usados neste experimento, são os elementos centrais em uma das plataformas mais avançadas da computação quântica, por meio dos chamados "qubits supercondutores".

Qualquer nova ferramenta para sua manipulação, ou que permita que os supercondutores revelem novas funcionalidades, pode ter impacto importante no processamento, gravação, armazenamento e comunicação quânticas.


Bibliografia:

Artigo: Light quantum control of persisting Higgs modes in iron-based superconductors
Autores: Chirag Vaswani, Jong-Hoon Kang, Martin Mootz, Liang Luo, Xu Yang, Christopher Sundahl, Di Cheng, Chuankun Huang, Richard H. J. Kim, Zhaoyu Liu, Yesusa G. Collantes, Eric E. Hellstrom, Ilias E. Perakis, Chang-Beom Eom, Jigang Wan
Revista: Nature Communications
Vol.: 12, Article number: 258
DOI: 10.1038/s41467-020-20350-6

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Por que as estrelas não explodem para todos os lados?

                                    Por que as estrelas não explodem para todos os lados?
           Se uma estrela é esférica, ao explodir ela deveria arremessar cacos para todos os lados...
                                                                               [Imagem: ESO/L. Calçada]


Ondas de choque com direção preferencial

Uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da França e da Alemanha pode ter desvendado o mistério de por que os remanescentes das supernovas que observamos da Terra algumas vezes são axissimétricos - alongados ao longo de um eixo - e não esféricos.

Uma supernova acontece quando uma estrela fica sem combustível e morre, colapsando sobre si mesma por sua enorme gravidade, o que gera uma explosão descomunal que causa ondas de choque no meio circundante. Essas ondas de choque, conhecidas como remanescentes das supernovas, se espalham por vastas distâncias ao longo de milhares de anos.

Como as estrelas são esféricas, o que se esperaria é que esses remanescentes fossem esfericamente simétricos, uma vez que a energia é lançada em todas as direções.

No entanto, os telescópios já captaram muitas imagens que diferem dessa nossa expectativa. Por exemplo, o remanescente da supernova G296.5+10.0 (ainda não conhecido o suficiente para merecer um nome mais atraente) é simétrico ao longo do seu eixo vertical. Os astrônomos já apresentaram muitas hipóteses para explicar essas observações, mas até agora tem sido difícil testá-las.

Explosão dirigida

Paul Mabey, da Escola Politécnica de Paris, decidiu tentar reproduzir esse fenômeno astrofísico em menor escala em laboratório. Para isso, a equipe utilizou lasers de alta potência e um novo gerador de campo magnético, conhecido como bobina Helmholtz, construído por uma equipe do Centro de Pesquisas Helmholtz, na Alemanha.

Eles descobriram que, quando o campo magnético é aplicado na explosão, a onda de choque se espicha ao longo de uma direção preferencial, exatamente como vemos nas imagens captadas pelos telescópios.

Alimentada por um gerador de pulsos de alta tensão, a bobina Helmholtz gerou campos magnéticos extremos, que atingem uma força de 10 Teslas. Como o resultado final bateu com as observações, a hipótese é que, em torno da supernova G296.5+10.0 há um campo magnético de grande escala, responsável por sua forma atual.

Magnetismo universal

Os astrofísicos agora esperam usar observações dos remanescentes de outras supernovas - já conhecidas e futuras - para determinar a força e a direção dos campos magnéticos em todo o Universo.

Isso representaria uma revolução na astrofísica, uma vez que sabemos que o magnetismo é onipresente no Universo, mas não temos meios de medi-lo diretamente à distância - apenas por seus efeitos sobre a matéria -, o que significa que essa força fundamental praticamente não é levada em conta em nossos modelos cosmológicos.

Explicar por que uma supernova seria circundada por um campo magnético de tão grande magnitude, a ponto de direcionar os restos da explosão, seria um primeiro resultado muito bem-vindo de um eventual mapeamento do magnetismo cósmico.


Bibliografia:

Artigo: Laboratory study of bilateral supernova remnants and continuous MHD shocks
Autores: Paul Mabey, B. Albertazzi, G. Rigon, J. R. Marquès, C. A. J. Palmer, J. Topp-Mugglestone, P. Perez-Martin, F. Kroll, F.-E. Brack, T. E. Cowan, U. Schramm, K. Falk, G. Gregori, E. Falize, M. Koenig
Revista: Astrophysical Journal
DOI: 10.3847/1538-4357/ab92a4

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Diferença entre COVID-19, gripe e resfriado

COVID-19, gripe e resfriado são três doenças distintas causadas por vírus e que desencadeiam problemas respiratórios. Alguns sintomas podem nos ajudar a diferenciar cada uma dessas doenças, porém exames são necessários para a confirmação de um diagnóstico.
Conhecer os principais sintomas de cada uma delas pode ser um auxílio na tomada de decisões, como: procurar ajuda médica de maneira urgente. Vale salientar, no entanto, que, apesar dessas informações serem importantes, nada substitui a opinião de um médico.
Medidas simples controlam o vírus da gripe – Secretaria de Saúde ...

O que é a COVID-19?

COVID-19 é uma doença causada por um novo tipo de coronavírus (SARS-Cov-2) que surgiu no final do ano de 2019. A Organização Mundial de Saúde foi comunicada sobre casos de pneumonia sem causa identificada na cidade de Wuhan, na China, em 31 de dezembro de 2019. Rapidamente, a doença espalhou-se pelo mundo e, em 11 de março de 2020, foi classificada pela OMS como uma pandemia.
Os principais sintomas da COVID-19 são: febre, tosse seca e cansaço. Alguns pacientes apresentam ainda: congestão nasal, corrimento nasal, dor de garganta e diarreia. Vale salientar que algumas pessoas permanecem assintomáticas. A doença apresenta-se de forma mais grave em idosos e pessoas com problemas de saúde prévios, como pressão alta, problemas cardíacos e diabetes.

O que é gripe?

Vacina contra a gripe. Posso tomar?
A COVID-19, a gripe e o resfriado podem provocar problemas respiratórios, sendo, muitas vezes, difícil perceber a diferença entre cada doença.

A gripe é uma doença causada por um vírus conhecido como influenza. Atualmente circulam três tipos de vírus influenza no Brasil, os tipos A, B e C. Os tipos A e B são os responsáveis por causar epidemias, enquanto o tipo C é mais brando. O influenza tipo A é o responsável por desencadear pandemias, como a ocorrida em 2009, provocada pelo subtipo A (H1N1).
Os principais sintomas da gripe são: febre (em geral, acima de 38 °C), dores no corpo, tosse seca e dor de cabeça. Outros sinais e sintomas podem ser registrados, tais como: calafrios, mal-estar, dor muscular, dor de garganta, secreção nasal, diarreia, vômito e rouquidão. A febre na gripe dura, geralmente, três dias, e os sintomas respiratórios podem manter-se por três a quatro dias após o fim da febre.
A gripe pode desenvolver complicações, principalmente em idosos, crianças menores de cinco anos, gestantes e pessoas com doenças crônicas, como pressão alta e diabetes.

O que é o resfriado?

O resfriado é uma doença infecciosa causada por vírus, sendo alguns dos mais comuns: rinovírusadenovírus coronavírus. Como sabemos, existem diferentes tipos de coronavírus, e os responsáveis por desencadear os resfriados são diferentes do responsável pela COVID-19.
Os principais sintomas do resfriado são: espirro, secreção nasal, congestão nasal, irritação na garganta e tosse seca. Os indivíduos podem apresentar febre, mas a maioria não tem esse sintoma ou desenvolve apenas uma febre baixa.

Diferença entre COVID-19, gripe e resfriado

COVID-19, gripe e resfriado são três doenças provocadas por vírus, entretanto, cada uma delas é desencadeada por um agente etiológico diferente. As três doenças podem ser transmitidas de uma pessoa para outra por meio de gotículas eliminadas pelo doente ao falar, tossir ou espirrar. A transmissão também pode ocorrer por meio do contato com secreção dos doentes, sendo as mãos, por exemplo, um importante veículo de transmissão.
No que diz respeito aos sintomas, muitas situações são comuns nas três enfermidades, porém alguns pontos merecem destaque. A febre, por exemplo, é rara em casos de resfriado, mas pode ocorrer comumente em caso de gripe e COVID-19. A falta de ar, às vezes, ocorre em casos de COVID-19, porém mostra-se rara no resfriado e na gripe.
Veja, a seguir, um quadro comparativo feito pelo Ministério da Saúde a respeito dessas três importantes doenças:

Como se prevenir de COVID-19, gripe e resfriado?

A COVID-19, a gripe e o resfriado apresentam formas de transmissão semelhantes, portanto, a forma de prevenção também possui semelhanças. Confira as principais maneiras de prevenir-se dessas doenças:
  • Lavar as mãos utilizando água e sabão ou fazer a higienização com álcool em gel;
  • Não tocar nos olhos, nariz e boca sem a devida higienização das mãos;
  • Evitar contato com pessoas que apresentem sintomas, como tosse, coriza e febre;
  • Evitar aglomerações quando há o aumento dos casos dessas doenças;
  • Manter o ambiente arejado;
  • Fazer a higienização de objetos usados com frequência, como telefones;
  • Não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos e talheres.
Além disso, é importante destacar a importância de, ao espirrar ou tossir, cobrir a boca e o nariz para evitar a contaminação do ambiente e a transmissão do vírus para outras pessoas.

SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "Diferença entre COVID-19, gripe e resfriado"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/doencas/diferenca-entre-covid-19-gripe-e-resfriado.htm. Acesso em 20 de maio de 2020.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Covid-19: Teste de vacina em humanos traz resultados promissores

Oito pessoas testadas com a vacina da Moderna Therapeutics não relataram efeitos adversos significativos, e ainda apresentaram níveis de anticorpos semelhantes ao de pessoas já infectadas pelo vírus.

 (skaman306/Getty Images)

Nesta segunda-feira (18), a empresa americana de biotecnologia Moderna Therapeutics anunciou que seus testes de vacina em humanos se mostraram seguros e capazes de estimular resposta imune contra o vírus Sars-CoV-2. 
Os testes começaram em março e contaram com 45 voluntários saudáveis, que deveriam receber, cada um, duas doses da vacina. Para os resultados publicados, a Moderna considerou apenas os primeiros oito participantes a receberem a imunização. Eles desenvolveram anticorpos que, estudados em laboratório, foram capazes de barrar a replicação do vírus causador da doença. Além disso, os anticorpos neutralizantes eram semelhantes aos encontrados em pacientes recuperados do novo coronavírus.
Os voluntários foram divididos em três grupos, que receberiam doses baixas (25 µg), médias (100 µg) ou altas (250 µg) da vacina. Os resultados apresentados são referentes aos testes de doses baixas e médias. Desses, apenas um voluntário teve efeitos adversos, que foram vermelhidão e dor no braço vacinado – sintomas comuns após a aplicação de vacinas. Naqueles testados com a dose mais alta, três apresentaram febre, dores musculares e dores de cabeça, mas Tal Zaks, diretor médico da Moderna, afirmou ao The New York Times que os sintomas passaram após um dia. De toda forma, as doses altas não estarão em testes futuros, já que as baixas e médias se mostraram mais seguras e suficientes para gerar a resposta imune no corpo.
As vacinas da Moderna funcionam com tecnologia diferente da maioria das vacinas conhecidas. Ela não precisa do vírus em sua composição para produzir anticorpos. Mas como assim?
Os coronavírus armazenam seus códigos genéticos no RNA mensageiro. os pesquisadores pegaram o pedacinho desse RNA capaz de produzir proteínas causadoras da doença e usaram na vacina. Quando as células humanas codificam essa proteína, o corpo percebe que tem algo estranho por ali e começa a produzir anticorpos. Para entender de melhor como funciona essa e outras vacinas que estão sendo desenvolvidas para combater o novo coronavírus.
Por enquanto, os resultados são baseados apenas na experiência de oito voluntários, e a resposta imune foi testada só em laboratório – ninguém colocou as “cobaias” dentro de um hospital para se infectarem com o coronavírus. O número ainda é baixo para afirmar a efetividade da vacina, mas os resultados não deixam de ser promissores. No início de maio, a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA autorizou que a Moderna passasse para a segunda fase de testes, em que participarão cerca de 600 voluntários. Caso os resultados sejam positivos, eles pretendem testar milhares de pessoas em uma terceira e última fase, que aconteceria em julho. 
A empresa também realizou testes em camundongos, os quais foram vacinados e depois infectados. A vacina impediu a replicação do vírus nos pulmões dos animais. Além disso, eles tinham níveis de anticorpos neutralizantes compatíveis aos dos voluntários que receberam a vacina.
Existe um grande passo entre a testagem da vacina até que ela esteja disponível no posto de saúde do seu bairro. Se tudo correr como o esperado, ela pode chegar no mercado entre o final de 2020 e início de 2021. Tal Zaks não soube afirmar quantas vacinas serão produzidas, mas garantiu que os pesquisadores estão “fazendo o possível para chegar logo ao maior número de doses”. 

domingo, 17 de maio de 2020

Norte magnético da Terra está se movendo rapidamente em direção da Sibéria na Rússia

Pólo norte magnético da Terra   A Terra utiliza seu campo magnético como um casaco que simplesmente não se encaixa e não permanece imóvel no corpo. Por algum motivo, o pólo norte magnético da Terra está destinado a se aproximar cada vez mais da linha costeira da Sibéria durante a próxima década.  Agora um trio de pesquisadores desenvolveu uma teoria para explicar por que o pólo magnético norte da Terra está se dirigindo do Canadá para a Rússia. Em seu artigo publicado na revista Nature Geoscience, Philip Livermore, Christopher Finlay e Matthew Bayliff descrevem sua teoria e o que seus modelos baseados nela mostraram.  Por que o Norte magnético da Terra está se movendo?  O norte magnético da Terra foi descoberto pela primeira vez por um explorador chamado James Clark Ross em 1830. Naquela época, estava centrado sobre o território Nunavut, no Canadá. Desde então, os cientistas mantêm o controle de seu movimento. Logo os pesquisadores perceberam ele passou a se mover mais devagar que o habitual.Entretanto, nos anos 90, começou a ganhar velocidade, passando do Canadá para a Sibéria, na Rússia.   O movimento do polo despertou interesse na mídia, pois ele força mudanças nos sistemas de navegação e smartphones que usam sua localização como ponto focal. Nesse novo esforço, os pesquisadores descobriram o que acreditam ter uma explicação para o movimento do polo e por que ele começou a se mover mais rapidamente.  Segundo a equipe, existem dois grandes lobos de fluxo magnético negativo nos limites do núcleo e do manto. Isso sugere que as mudanças no fluxo de metal derretido no núcleo resultam em mudanças no fluxo magnético nos lobos. A posição do poste é determinada pela força dos dois lobos – quando um ganha força, o outro perde força, resultando no pólo se movendo na direção mais forte. O resultado é um cabo de guerra constante entre os dois lobos. O movimento atual é, portanto, devido a um dos lobos ganhar vantagem.  Norte Magnético da Terra  Rastreamento do movimento do pólo norte magnético em direção à Sibéria (Livermore et al., Nature Geoscience , 2020)  Analisando 20 anos de movimento  Após estudar mais de 20 anos de dados de satélite (do Swarm da Agência Espacial Européia) para medir a forma em evolução do campo magnético da Terra pesquisadores desenvolveram sua teoria.  Após muita análise, a equipe construiu um modelo que correspondia ao movimento histórico do polo e o utilizou para prever seu caminho futuro. O modelo mostrou que o pólo continuava em direção à Rússia em seu ritmo acelerado atual antes de desacelerar – com o pólo eventualmente se estabelecendo sobre uma parte da Sibéria. O modelo não foi capaz de fornecer estimativas para um futuro mais distante. Por isso, vamos precisar de mais modelos como esse para ter uma esperança de prever exatamente onde os pólos do nosso planeta terminarão no futuro.  Esta pesquisa foi publicada na revista Nature Geoscience, clique aqui para acessá-la.  Fonte: Nature Geoscience


A Terra utiliza seu campo magnético como um casaco que simplesmente não se encaixa e não permanece imóvel no corpo. Por algum motivo, o pólo norte magnético da Terra está destinado a se aproximar cada vez mais da linha costeira da Sibéria durante a próxima década.
Agora um trio de pesquisadores desenvolveu uma teoria para explicar por que o pólo magnético norte da Terra está se dirigindo do Canadá para a Rússia. Em seu artigo publicado na revista Nature Geoscience, Philip Livermore, Christopher Finlay e Matthew Bayliff descrevem sua teoria e o que seus modelos baseados nela mostraram.

Por que o Norte magnético da Terra está se movendo?


O norte magnético da Terra foi descoberto pela primeira vez por um explorador chamado James Clark Ross em 1830. Naquela época, estava centrado sobre o território Nunavut, no Canadá. Desde então, os cientistas mantêm o controle de seu movimento. Logo os pesquisadores perceberam ele passou a se mover mais devagar que o habitual.Entretanto, nos anos 90, começou a ganhar velocidade, passando do Canadá para a Sibéria, na Rússia. 

O movimento do polo despertou interesse na mídia, pois ele força mudanças nos sistemas de navegação e smartphones que usam sua localização como ponto focal. Nesse novo esforço, os pesquisadores descobriram o que acreditam ter uma explicação para o movimento do polo e por que ele começou a se mover mais rapidamente.
Segundo a equipe, existem dois grandes lobos de fluxo magnético negativo nos limites do núcleo e do manto. Isso sugere que as mudanças no fluxo de metal derretido no núcleo resultam em mudanças no fluxo magnético nos lobos. A posição do poste é determinada pela força dos dois lobos – quando um ganha força, o outro perde força, resultando no pólo se movendo na direção mais forte. O resultado é um cabo de guerra constante entre os dois lobos. O movimento atual é, portanto, devido a um dos lobos ganhar vantagem.
Pólo norte magnético da Terra   A Terra utiliza seu campo magnético como um casaco que simplesmente não se encaixa e não permanece imóvel no corpo. Por algum motivo, o pólo norte magnético da Terra está destinado a se aproximar cada vez mais da linha costeira da Sibéria durante a próxima década.  Agora um trio de pesquisadores desenvolveu uma teoria para explicar por que o pólo magnético norte da Terra está se dirigindo do Canadá para a Rússia. Em seu artigo publicado na revista Nature Geoscience, Philip Livermore, Christopher Finlay e Matthew Bayliff descrevem sua teoria e o que seus modelos baseados nela mostraram.  Por que o Norte magnético da Terra está se movendo?  O norte magnético da Terra foi descoberto pela primeira vez por um explorador chamado James Clark Ross em 1830. Naquela época, estava centrado sobre o território Nunavut, no Canadá. Desde então, os cientistas mantêm o controle de seu movimento. Logo os pesquisadores perceberam ele passou a se mover mais devagar que o habitual.Entretanto, nos anos 90, começou a ganhar velocidade, passando do Canadá para a Sibéria, na Rússia.   O movimento do polo despertou interesse na mídia, pois ele força mudanças nos sistemas de navegação e smartphones que usam sua localização como ponto focal. Nesse novo esforço, os pesquisadores descobriram o que acreditam ter uma explicação para o movimento do polo e por que ele começou a se mover mais rapidamente.  Segundo a equipe, existem dois grandes lobos de fluxo magnético negativo nos limites do núcleo e do manto. Isso sugere que as mudanças no fluxo de metal derretido no núcleo resultam em mudanças no fluxo magnético nos lobos. A posição do poste é determinada pela força dos dois lobos – quando um ganha força, o outro perde força, resultando no pólo se movendo na direção mais forte. O resultado é um cabo de guerra constante entre os dois lobos. O movimento atual é, portanto, devido a um dos lobos ganhar vantagem.  Norte Magnético da Terra  Rastreamento do movimento do pólo norte magnético em direção à Sibéria (Livermore et al., Nature Geoscience , 2020)  Analisando 20 anos de movimento  Após estudar mais de 20 anos de dados de satélite (do Swarm da Agência Espacial Européia) para medir a forma em evolução do campo magnético da Terra pesquisadores desenvolveram sua teoria.  Após muita análise, a equipe construiu um modelo que correspondia ao movimento histórico do polo e o utilizou para prever seu caminho futuro. O modelo mostrou que o pólo continuava em direção à Rússia em seu ritmo acelerado atual antes de desacelerar – com o pólo eventualmente se estabelecendo sobre uma parte da Sibéria. O modelo não foi capaz de fornecer estimativas para um futuro mais distante. Por isso, vamos precisar de mais modelos como esse para ter uma esperança de prever exatamente onde os pólos do nosso planeta terminarão no futuro.  Esta pesquisa foi publicada na revista Nature Geoscience, clique aqui para acessá-la.  Fonte: Nature Geoscience
Rastreamento do movimento do pólo norte magnético em direção à Sibéria (Livermore et al., Nature Geoscience , 2020)

Analisando 20 anos de movimento


Após estudar mais de 20 anos de dados de satélite (do Swarm da Agência Espacial Européia) para medir a forma em evolução do campo magnético da Terra pesquisadores desenvolveram sua teoria.
Após muita análise, a equipe construiu um modelo que correspondia ao movimento histórico do polo e o utilizou para prever seu caminho futuro. O modelo mostrou que o pólo continuava em direção à Rússia em seu ritmo acelerado atual antes de desacelerar – com o pólo eventualmente se estabelecendo sobre uma parte da Sibéria. O modelo não foi capaz de fornecer estimativas para um futuro mais distante. Por isso, vamos precisar de mais modelos como esse para ter uma esperança de prever exatamente onde os pólos do nosso planeta terminarão no futuro.
Esta pesquisa foi publicada na revista Nature Geoscience, clique aqui para acessá-la.

Missão da Nasa pode desencadear chuva de meteoros artificial em 2022

A Dart, que decola em 2022, será arremessada contra um asteroide de propósito, para verificar se seríamos capazes de desviá-lo caso ele estivesse vindo em nossa direção. Os destroços dessa colisão podem se tornar estrelas cadentes inofensivas.

A Dart, que decola em 2022, será arremessada contra um asteroide de propósito, para verificar se seríamos capazes de desviá-lo caso ele estivesse vindo em nossa direção. Os destroços dessa colisão podem se tornar estrelas cadentes inofensivas.   (NASA / JHU APL/Montagem sobre reprodução)    Em filmes de ficção científica, é comum vermos cientistas (e até super-heróis) salvando a Terra de ameaças do espaço. Mas, na vida real, ainda não estamos totalmente prontos para lidar com esse tipo de emergência. Para melhorar nossas chances caso um asteroide se aproxime, pesquisadores da Nasa desenvolveram a missão Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo (Dart, na sigla em inglês). A ideia é arremessar uma nave em um asteroide de propósito.  O que isso tem a ver com a segurança do planeta? Simples: o impacto do veículo com o asteroide pode até não ser capaz de destrui-lo, mas muda sua órbita, desviando o pedregulho errante da Terra. Se os dinossauros tivessem tecnologia suficiente para fazer isso no final do Cretáceo, talvez ainda estivessem por aqui. Mas eles estavam muito preocupados em… mascar folhas.   Neste momento, não há nenhum objeto cósmico ameaçando a Terra. O asteroide que será atingido é inocente, sua rota não cruza a órbita do nosso planeta. Ele servirá apenas de cobaia. A Nasa pretende realizar a missão Dart em setembro de 2022. E os fragmentos expelidos após o choque com a nave podem entrar na atmosfera terrestre e se desfazer de maneira luminosa com o atrito. Ou seja: o teste pode causar uma chuva de meteoros – a primeira gerada pela espécie humana. Só não pense que será um baita show de estrelas cadentes visíveis a olho nu. Da superfície, com alguma sorte, só vamos ver meia dúzia de gatos pingados.  Vamos entender um pouco melhor como vai funcionar a missão Dart. A cada 20 anos, um sistema de asteroides duplo chamado Didymos (que significa “gêmeos”) se aproxima da Terra, ficando há cerca de 6,5 milhões de quilômetros do planeta. Ele é composto por um asteroide maior (800 metros de diâmetro), chamado Didymos A, e um menor (160 metros de diâmetro), chamado Didymos B. O Didymos B também recebe o simpático apelido de Didymoon (do inglês moon, “lua”), pois ele funciona como um satélite natural que orbita o Didymos A.   A cobaia para os testes da Nasa será o Didymoon. Ele leva 11,92 horas para dar uma volta completa ao redor do Didymos A; após o choque da Dart, espera-se que ocorra uma aceleração de quatro minutos nesse tempo. A colisão está marcada para o dia 30 de setembro de 2022, já que em 4 de outubro do mesmo ano, o Didymos deve estar na posição mais próxima da Terra, o que vai facilitar com que o choque seja confirmado pelos telescópios.     Uma pequena sonda em formato cúbico chamada LICIACube, projetada pela Agência Espacial Italiana, deve acompanhar a nave para registrar o impacto. (NASA/Reprodução)   Apesar do impacto ser intenso, não é forte o suficiente para destruir o astro. Só faz um grande buraco. A previsão é que a batida produza entre 10 e 100 mil quilos de detritos minúsculos, com tamanho na casa dos centímetros, que se espalharão pelos arredores. A maior parte dessas pedrinhas provavelmente será expelida a uma velocidade razoavelmente baixa, 3,2 mil km/h. Por causa disso, ficaram seguindo a pedrona mãe, presas à sua influência gravitacional.   Mas, dependendo do ângulo do impacto, alguns desses detritos podem atingir velocidades superiores a 21 km/h e desviar para a Terra, podendo atingir o planeta entre 15 e 30 dias após o episódio. Os cientistas consideram tal fenômeno pouco provável – só alguns gramas de material espacial devem invadir nossa atmosfera. Estima-se que uns dez meteoros sejam visíveis durante essas noites.   De toda forma, ocasionar uma chuva de meteoros capaz de atingir a Terra não parece muito prudente, mesmo com riscos baixos. Aaron Boley, astrônomo planetário da Universidade da Colúmbia Britânica, defende ao The New York Times que a missão deveria ser executada uma semana antes ou depois da aproximação do Didymos, pois isso evitaria a chegada de qualquer destroço na Terra. Mas, Tom Statler, cientista envolvido no programa, afirma que mudar a data não seria possível, já que ela permite a visualização ideal do astro e de suas mudanças pelos observatórios terrestres.   Se a missão correr como o esperado, teremos uma nova arma contra asteroides. Esperamos, porém, nunca precisar usá-la. Afinal, quem teria coragem de machucar uma pedrinha chamada Didymoon, não é mesmo?  FONTE: NASA
(NASA / JHU APL/Montagem sobre reprodução)

Em filmes de ficção científica, é comum vermos cientistas (e até super-heróis) salvando a Terra de ameaças do espaço. Mas, na vida real, ainda não estamos totalmente prontos para lidar com esse tipo de emergência. Para melhorar nossas chances caso um asteroide se aproxime, pesquisadores da Nasa desenvolveram a missão Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo (Dart, na sigla em inglês). A ideia é arremessar uma nave em um asteroide de propósito.
O que isso tem a ver com a segurança do planeta? Simples: o impacto do veículo com o asteroide pode até não ser capaz de destrui-lo, mas muda sua órbita, desviando o pedregulho errante da Terra. Se os dinossauros tivessem tecnologia suficiente para fazer isso no final do Cretáceo, talvez ainda estivessem por aqui. Mas eles estavam muito preocupados em… mascar folhas. 
Neste momento, não há nenhum objeto cósmico ameaçando a Terra. O asteroide que será atingido é inocente, sua rota não cruza a órbita do nosso planeta. Ele servirá apenas de cobaia. A Nasa pretende realizar a missão Dart em setembro de 2022. E os fragmentos expelidos após o choque com a nave podem entrar na atmosfera terrestre e se desfazer de maneira luminosa com o atrito. Ou seja: o teste pode causar uma chuva de meteoros – a primeira gerada pela espécie humana. Só não pense que será um baita show de estrelas cadentes visíveis a olho nu. Da superfície, com alguma sorte, só vamos ver meia dúzia de gatos pingados.
Vamos entender um pouco melhor como vai funcionar a missão Dart. A cada 20 anos, um sistema de asteroides duplo chamado Didymos (que significa “gêmeos”) se aproxima da Terra, ficando há cerca de 6,5 milhões de quilômetros do planeta. Ele é composto por um asteroide maior (800 metros de diâmetro), chamado Didymos A, e um menor (160 metros de diâmetro), chamado Didymos B. O Didymos B também recebe o simpático apelido de Didymoon (do inglês moon, “lua”), pois ele funciona como um satélite natural que orbita o Didymos A. 
A cobaia para os testes da Nasa será o Didymoon. Ele leva 11,92 horas para dar uma volta completa ao redor do Didymos A; após o choque da Dart, espera-se que ocorra uma aceleração de quatro minutos nesse tempo. A colisão está marcada para o dia 30 de setembro de 2022, já que em 4 de outubro do mesmo ano, o Didymos deve estar na posição mais próxima da Terra, o que vai facilitar com que o choque seja confirmado pelos telescópios. 
A Dart, que decola em 2022, será arremessada contra um asteroide de propósito, para verificar se seríamos capazes de desviá-lo caso ele estivesse vindo em nossa direção. Os destroços dessa colisão podem se tornar estrelas cadentes inofensivas.   (NASA / JHU APL/Montagem sobre reprodução)    Em filmes de ficção científica, é comum vermos cientistas (e até super-heróis) salvando a Terra de ameaças do espaço. Mas, na vida real, ainda não estamos totalmente prontos para lidar com esse tipo de emergência. Para melhorar nossas chances caso um asteroide se aproxime, pesquisadores da Nasa desenvolveram a missão Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo (Dart, na sigla em inglês). A ideia é arremessar uma nave em um asteroide de propósito.  O que isso tem a ver com a segurança do planeta? Simples: o impacto do veículo com o asteroide pode até não ser capaz de destrui-lo, mas muda sua órbita, desviando o pedregulho errante da Terra. Se os dinossauros tivessem tecnologia suficiente para fazer isso no final do Cretáceo, talvez ainda estivessem por aqui. Mas eles estavam muito preocupados em… mascar folhas.   Neste momento, não há nenhum objeto cósmico ameaçando a Terra. O asteroide que será atingido é inocente, sua rota não cruza a órbita do nosso planeta. Ele servirá apenas de cobaia. A Nasa pretende realizar a missão Dart em setembro de 2022. E os fragmentos expelidos após o choque com a nave podem entrar na atmosfera terrestre e se desfazer de maneira luminosa com o atrito. Ou seja: o teste pode causar uma chuva de meteoros – a primeira gerada pela espécie humana. Só não pense que será um baita show de estrelas cadentes visíveis a olho nu. Da superfície, com alguma sorte, só vamos ver meia dúzia de gatos pingados.  Vamos entender um pouco melhor como vai funcionar a missão Dart. A cada 20 anos, um sistema de asteroides duplo chamado Didymos (que significa “gêmeos”) se aproxima da Terra, ficando há cerca de 6,5 milhões de quilômetros do planeta. Ele é composto por um asteroide maior (800 metros de diâmetro), chamado Didymos A, e um menor (160 metros de diâmetro), chamado Didymos B. O Didymos B também recebe o simpático apelido de Didymoon (do inglês moon, “lua”), pois ele funciona como um satélite natural que orbita o Didymos A.   A cobaia para os testes da Nasa será o Didymoon. Ele leva 11,92 horas para dar uma volta completa ao redor do Didymos A; após o choque da Dart, espera-se que ocorra uma aceleração de quatro minutos nesse tempo. A colisão está marcada para o dia 30 de setembro de 2022, já que em 4 de outubro do mesmo ano, o Didymos deve estar na posição mais próxima da Terra, o que vai facilitar com que o choque seja confirmado pelos telescópios.     Uma pequena sonda em formato cúbico chamada LICIACube, projetada pela Agência Espacial Italiana, deve acompanhar a nave para registrar o impacto. (NASA/Reprodução)   Apesar do impacto ser intenso, não é forte o suficiente para destruir o astro. Só faz um grande buraco. A previsão é que a batida produza entre 10 e 100 mil quilos de detritos minúsculos, com tamanho na casa dos centímetros, que se espalharão pelos arredores. A maior parte dessas pedrinhas provavelmente será expelida a uma velocidade razoavelmente baixa, 3,2 mil km/h. Por causa disso, ficaram seguindo a pedrona mãe, presas à sua influência gravitacional.   Mas, dependendo do ângulo do impacto, alguns desses detritos podem atingir velocidades superiores a 21 km/h e desviar para a Terra, podendo atingir o planeta entre 15 e 30 dias após o episódio. Os cientistas consideram tal fenômeno pouco provável – só alguns gramas de material espacial devem invadir nossa atmosfera. Estima-se que uns dez meteoros sejam visíveis durante essas noites.   De toda forma, ocasionar uma chuva de meteoros capaz de atingir a Terra não parece muito prudente, mesmo com riscos baixos. Aaron Boley, astrônomo planetário da Universidade da Colúmbia Britânica, defende ao The New York Times que a missão deveria ser executada uma semana antes ou depois da aproximação do Didymos, pois isso evitaria a chegada de qualquer destroço na Terra. Mas, Tom Statler, cientista envolvido no programa, afirma que mudar a data não seria possível, já que ela permite a visualização ideal do astro e de suas mudanças pelos observatórios terrestres.   Se a missão correr como o esperado, teremos uma nova arma contra asteroides. Esperamos, porém, nunca precisar usá-la. Afinal, quem teria coragem de machucar uma pedrinha chamada Didymoon, não é mesmo?  FONTE: NASA
Uma pequena sonda em formato cúbico chamada LICIACube, projetada pela Agência Espacial Italiana, deve acompanhar a nave para registrar o impacto. (NASA/Reprodução)
Apesar do impacto ser intenso, não é forte o suficiente para destruir o astro. Só faz um grande buraco. A previsão é que a batida produza entre 10 e 100 mil quilos de detritos minúsculos, com tamanho na casa dos centímetros, que se espalharão pelos arredores. A maior parte dessas pedrinhas provavelmente será expelida a uma velocidade razoavelmente baixa, 3,2 mil km/h. Por causa disso, ficaram seguindo a pedrona mãe, presas à sua influência gravitacional. 
Mas, dependendo do ângulo do impacto, alguns desses detritos podem atingir velocidades superiores a 21 km/h e desviar para a Terra, podendo atingir o planeta entre 15 e 30 dias após o episódio. Os cientistas consideram tal fenômeno pouco provável – só alguns gramas de material espacial devem invadir nossa atmosfera. Estima-se que uns dez meteoros sejam visíveis durante essas noites. 
De toda forma, ocasionar uma chuva de meteoros capaz de atingir a Terra não parece muito prudente, mesmo com riscos baixos. Aaron Boley, astrônomo planetário da Universidade da Colúmbia Britânica, defende ao The New York Times que a missão deveria ser executada uma semana antes ou depois da aproximação do Didymos, pois isso evitaria a chegada de qualquer destroço na Terra. Mas, Tom Statler, cientista envolvido no programa, afirma que mudar a data não seria possível, já que ela permite a visualização ideal do astro e de suas mudanças pelos observatórios terrestres.
Se a missão correr como o esperado, teremos uma nova arma contra asteroides. Esperamos, porém, nunca precisar usá-la. Afinal, quem teria coragem de machucar uma pedrinha chamada Didymoon, não é mesmo?
FONTE: NASA

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