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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Eric Hobsbawm: um historiador que mudou o nosso modo de olhar o passado


     Nasceu no Egipto e em plena Grande Guerra, atravessou todo século XX, deixou uma obra inovadora e soube como ninguém fazer dos livros de História uma leitura fascinante.  Eric Hobsbawm, 95 anos, morreu ontem num hospital de Londres na sequência de uma pneumonia. Foi um dos historiadores mais influentes das últimas décadas. A sua última obra de fôlego, A Era dos Extremos (1914-1991), foi traduzida em mais de 40 línguas, entre elas o árabe e o mandarim. Marxista e militante do Partido Comunista Britânico desde 1936 até à sua dissolução, em 1991, conhece o auge da sua projecção mediática exactamente após a queda do comunismo. Ganhou a celebridade não por ser marxista - nem apesar disso – mas por ser um extraordinário historiador.  As suas obras foram insubstituíveis "manuais" para gerações de estudantes, entre eles os portugueses. "Politicamente, estávamos em pólos opostos", declarou ontem ao Guardian o historiador Niall Ferguson. Mas foi um historiador "verdadeiramente grande". "Continuo a crer que a sua grande tetralogia – A Era das Revoluções (1789-1848), A Era do Capital (1848-1875), A Era do Império (1875-1914) e A Era dos Extremos (1914-1991) – continua a ser a melhor introdução à história do mundo moderno em língua inglesa" – estas quatro obras estão editadas em português pela Editorial Presença.  Não se trata apenas de competência e de uma particular arte de escrever. "Numa época em que os historiadores académicos suspeitam crescentemente das "grandes narrativas", ele mostrou quão importante é compreender o conjunto das forças da mudança histórica. Ao fazê-lo, não só reconfigurou o modo de os historiadores olharem o passado, como criou uma verdadeira apetência do público pelas obras de síntese."  Foi um escritor compulsivo e de muitas facetas. Cedo descobriu o jazz e foi crítico na revista New Statesman durante anos, sob o pseudónimo de Francis Newton. Escreveu até ao fim da vida. Em 2011, publicou um derradeiro livro,How To Change the World (Como mudar o mundo), defendendo a pertinência do pensamento económico de Marx perante o colapso bancário de 2008-2010.  Cosmopolita e comunista  Num livro de memórias, Tempos Interessantes: Uma Vida no Século XX(Campo das Letras, 2005), explica Hobsbawm que o seu percurso tem algo a ver com os acidentes da vida. Nasceu a 9 de Junho de 1917 em Alexandria, filho de um inglês de origem judaica e uma austríaca da classe média de passagem pelo Egipto. Estava-se em plena Grande Guerra (1914-18) e no início da Revolução Russa. Fez a sua escolaridade em Viena. O pai morre subitamente em 1929. Em 1931, a família muda-se para Berlim, para casa de um tio, onde testemunhou a ascensão de Hitler. A família foi para Londres.  A época determinou o seu interesse pela política e pela história. Disse numa entrevista: "Era inevitável uma pessoa politizar-se naqueles tempos. Vivia na Alemanha e não podia ser social-democrata (eram muito moderados), nem nacionalista (era inglês e judeu), nem me interessava o sionismo." Diz ter lido Marx pela primeira vez em Berlim.  Em Inglaterra obtém uma bolsa para Cambridge onde, à época, o marxismo era de bom tom. Adere em 1936 ao Partido Comunista da Grã-Bretanha e em breve colabora na sua revista teórica, Marxism Today. Com outros historiadores, como Christopher Hill, A. L. Morton, E. P. Thompson ou Raphael Samuel vai formar os "grupo dos historiadores do PC" que terá um papel inovador. Participa na fundação da revista Past and Present, liderada pelo grupo mas aberta a outras correntes. Em 1956 condena ambiguamente a invasão soviética da Hungria e, ao contrário de outros intelectuais, não abandona o PC. A debilidade do PC britânico, disse um dia, deixava aos historiadores uma grande liberdade intelectual.  A sua primeira obra, Labour's Turning Point (O Ponto de Viragem do Trabalhismo) é editada em 1948. Em 1959 publica a primeira obra inovadora,Primitive Rebels (Rebeldes Primitivos), em que estuda as sociedades secretas de resistência e as formas arcaicas da agitação social, objecto retomado emCaptain Swing (1969, em parceria com George Rudé), sobre as revoltas rurais inglesas de 1830. Ao longo dos anos 1960-70, surgem os três primeiros volumes da "tetralogia", a sua obra mais sólida e influente.  A investigação de Hobsbawm não se confina à história económico-social. A Era das Revoluções – para alguns a sua obra-prima – serve para o demonstrar. Ele sempre soube combinar "a História social estrutural com a tentativa de compreender o pensamento e os motivos individuais dos rebeldes" (David Priestland).  Deu uma particular atenção aos nacionalismos, na Era das Revoluções, emThe Invention of Tradition (1982, coeditado com Terence Ranger) ou emNations and Nationalism since 1780 (Nações e Nacionalismo desde 1780): os movimentos nacionalistas fabricam os seus próprios mitos e rituais.  A Revolução de Outubro  Hobsbawm demarcou-se do regime soviético. Nos anos 1970, aproxima-se dos eurocomunistas italianos: ele e Giorgio Napolitano (hoje Presidente da República) publicam em 1977 um livro sobre a via italiana para o socialismo. Mas, para o historiador, era difícil enfrentar o passado e optou pela fidelidade à Revolução de Outubro.  O mais lido dos seus livros, A Era dos Extremos, é o mais vulnerável. Foi acusado de minimizar os crimes do estalinismo. Reconheceu em Tempos Interessantes: "Dou-me hoje conta de que continuo a tratar a memória e a tradição da URSS com uma indulgência que não sinto pela China comunista, porque pertenço a uma geração para qual a Revolução de Outubro representava a esperança do mundo, coisa que a China nunca significou."   Obras de Eric Hobsbawm em Portugal  “Globalização, Democracia e Terrorismo” Presença  "A Era das Revoluções (1789-1848)" "A Era do Capital (1848-1875)" "A Era do Império (1875-1914)" "A Era dos Extremos (1914-1991)" Presença  “Tempos Interessantes: Uma Vida no Século XX” Campo das Letras  “Escritos sobre a história” Relógio D'Água  "O Século XXI - Reflexões Sobre o Futuro” Entrevista a Eric Hobsbawm por Antonio Polito Presença  "A Questão do Nacionalismo – Nações e nacionalismo desde 1780" Terramar

              
Nasceu no Egipto e em plena Grande Guerra, atravessou todo século XX, deixou uma obra inovadora e soube como ninguém fazer dos livros de História uma leitura fascinante.  Eric Hobsbawm, 95 anos, morreu ontem num hospital de Londres na sequência de uma pneumonia. Foi um dos historiadores mais influentes das últimas décadas. A sua última obra de fôlego, A Era dos Extremos (1914-1991), foi traduzida em mais de 40 línguas, entre elas o árabe e o mandarim. Marxista e militante do Partido Comunista Britânico desde 1936 até à sua dissolução, em 1991, conhece o auge da sua projecção mediática exactamente após a queda do comunismo. Ganhou a celebridade não por ser marxista - nem apesar disso – mas por ser um extraordinário historiador.  As suas obras foram insubstituíveis "manuais" para gerações de estudantes, entre eles os portugueses. "Politicamente, estávamos em pólos opostos", declarou ontem ao Guardian o historiador Niall Ferguson. Mas foi um historiador "verdadeiramente grande". "Continuo a crer que a sua grande tetralogia – A Era das Revoluções (1789-1848), A Era do Capital (1848-1875), A Era do Império (1875-1914) e A Era dos Extremos (1914-1991) – continua a ser a melhor introdução à história do mundo moderno em língua inglesa" – estas quatro obras estão editadas em português pela Editorial Presença.  Não se trata apenas de competência e de uma particular arte de escrever. "Numa época em que os historiadores académicos suspeitam crescentemente das "grandes narrativas", ele mostrou quão importante é compreender o conjunto das forças da mudança histórica. Ao fazê-lo, não só reconfigurou o modo de os historiadores olharem o passado, como criou uma verdadeira apetência do público pelas obras de síntese."  Foi um escritor compulsivo e de muitas facetas. Cedo descobriu o jazz e foi crítico na revista New Statesman durante anos, sob o pseudónimo de Francis Newton. Escreveu até ao fim da vida. Em 2011, publicou um derradeiro livro,How To Change the World (Como mudar o mundo), defendendo a pertinência do pensamento económico de Marx perante o colapso bancário de 2008-2010.  Cosmopolita e comunista  Num livro de memórias, Tempos Interessantes: Uma Vida no Século XX(Campo das Letras, 2005), explica Hobsbawm que o seu percurso tem algo a ver com os acidentes da vida. Nasceu a 9 de Junho de 1917 em Alexandria, filho de um inglês de origem judaica e uma austríaca da classe média de passagem pelo Egipto. Estava-se em plena Grande Guerra (1914-18) e no início da Revolução Russa. Fez a sua escolaridade em Viena. O pai morre subitamente em 1929. Em 1931, a família muda-se para Berlim, para casa de um tio, onde testemunhou a ascensão de Hitler. A família foi para Londres.  A época determinou o seu interesse pela política e pela história. Disse numa entrevista: "Era inevitável uma pessoa politizar-se naqueles tempos. Vivia na Alemanha e não podia ser social-democrata (eram muito moderados), nem nacionalista (era inglês e judeu), nem me interessava o sionismo." Diz ter lido Marx pela primeira vez em Berlim.  Em Inglaterra obtém uma bolsa para Cambridge onde, à época, o marxismo era de bom tom. Adere em 1936 ao Partido Comunista da Grã-Bretanha e em breve colabora na sua revista teórica, Marxism Today. Com outros historiadores, como Christopher Hill, A. L. Morton, E. P. Thompson ou Raphael Samuel vai formar os "grupo dos historiadores do PC" que terá um papel inovador. Participa na fundação da revista Past and Present, liderada pelo grupo mas aberta a outras correntes. Em 1956 condena ambiguamente a invasão soviética da Hungria e, ao contrário de outros intelectuais, não abandona o PC. A debilidade do PC britânico, disse um dia, deixava aos historiadores uma grande liberdade intelectual.  A sua primeira obra, Labour's Turning Point (O Ponto de Viragem do Trabalhismo) é editada em 1948. Em 1959 publica a primeira obra inovadora,Primitive Rebels (Rebeldes Primitivos), em que estuda as sociedades secretas de resistência e as formas arcaicas da agitação social, objecto retomado emCaptain Swing (1969, em parceria com George Rudé), sobre as revoltas rurais inglesas de 1830. Ao longo dos anos 1960-70, surgem os três primeiros volumes da "tetralogia", a sua obra mais sólida e influente.  A investigação de Hobsbawm não se confina à história económico-social. A Era das Revoluções – para alguns a sua obra-prima – serve para o demonstrar. Ele sempre soube combinar "a História social estrutural com a tentativa de compreender o pensamento e os motivos individuais dos rebeldes" (David Priestland).  Deu uma particular atenção aos nacionalismos, na Era das Revoluções, emThe Invention of Tradition (1982, coeditado com Terence Ranger) ou emNations and Nationalism since 1780 (Nações e Nacionalismo desde 1780): os movimentos nacionalistas fabricam os seus próprios mitos e rituais.  A Revolução de Outubro  Hobsbawm demarcou-se do regime soviético. Nos anos 1970, aproxima-se dos eurocomunistas italianos: ele e Giorgio Napolitano (hoje Presidente da República) publicam em 1977 um livro sobre a via italiana para o socialismo. Mas, para o historiador, era difícil enfrentar o passado e optou pela fidelidade à Revolução de Outubro.  O mais lido dos seus livros, A Era dos Extremos, é o mais vulnerável. Foi acusado de minimizar os crimes do estalinismo. Reconheceu em Tempos Interessantes: "Dou-me hoje conta de que continuo a tratar a memória e a tradição da URSS com uma indulgência que não sinto pela China comunista, porque pertenço a uma geração para qual a Revolução de Outubro representava a esperança do mundo, coisa que a China nunca significou."   Obras de Eric Hobsbawm em Portugal  “Globalização, Democracia e Terrorismo” Presença  "A Era das Revoluções (1789-1848)" "A Era do Capital (1848-1875)" "A Era do Império (1875-1914)" "A Era dos Extremos (1914-1991)" Presença  “Tempos Interessantes: Uma Vida no Século XX” Campo das Letras  “Escritos sobre a história” Relógio D'Água  "O Século XXI - Reflexões Sobre o Futuro” Entrevista a Eric Hobsbawm por Antonio Polito Presença  "A Questão do Nacionalismo – Nações e nacionalismo desde 1780" Terramar               
Nasceu no Egipto e em plena Grande Guerra, atravessou todo século XX, deixou uma obra inovadora e soube como ninguém fazer dos livros de História uma leitura fascinante.
Eric Hobsbawm, 95 anos, morreu ontem num hospital de Londres na sequência de uma pneumonia. Foi um dos historiadores mais influentes das últimas décadas. A sua última obra de fôlego, A Era dos Extremos (1914-1991), foi traduzida em mais de 40 línguas, entre elas o árabe e o mandarim. Marxista e militante do Partido Comunista Britânico desde 1936 até à sua dissolução, em 1991, conhece o auge da sua projecção mediática exactamente após a queda do comunismo. Ganhou a celebridade não por ser marxista - nem apesar disso – mas por ser um extraordinário historiador.
As suas obras foram insubstituíveis "manuais" para gerações de estudantes, entre eles os portugueses. "Politicamente, estávamos em pólos opostos", declarou ontem ao Guardian o historiador Niall Ferguson. Mas foi um historiador "verdadeiramente grande". "Continuo a crer que a sua grande tetralogia – A Era das Revoluções (1789-1848), A Era do Capital (1848-1875), A Era do Império (1875-1914) e A Era dos Extremos (1914-1991) – continua a ser a melhor introdução à história do mundo moderno em língua inglesa" – estas quatro obras estão editadas em português pela Editorial Presença.
Não se trata apenas de competência e de uma particular arte de escrever. "Numa época em que os historiadores académicos suspeitam crescentemente das "grandes narrativas", ele mostrou quão importante é compreender o conjunto das forças da mudança histórica. Ao fazê-lo, não só reconfigurou o modo de os historiadores olharem o passado, como criou uma verdadeira apetência do público pelas obras de síntese."
Foi um escritor compulsivo e de muitas facetas. Cedo descobriu o jazz e foi crítico na revista New Statesman durante anos, sob o pseudónimo de Francis Newton. Escreveu até ao fim da vida. Em 2011, publicou um derradeiro livro,How To Change the World (Como mudar o mundo), defendendo a pertinência do pensamento económico de Marx perante o colapso bancário de 2008-2010.
Cosmopolita e comunista
Num livro de memórias, Tempos Interessantes: Uma Vida no Século XX(Campo das Letras, 2005), explica Hobsbawm que o seu percurso tem algo a ver com os acidentes da vida. Nasceu a 9 de Junho de 1917 em Alexandria, filho de um inglês de origem judaica e uma austríaca da classe média de passagem pelo Egipto. Estava-se em plena Grande Guerra (1914-18) e no início da Revolução Russa. Fez a sua escolaridade em Viena. O pai morre subitamente em 1929. Em 1931, a família muda-se para Berlim, para casa de um tio, onde testemunhou a ascensão de Hitler. A família foi para Londres.
A época determinou o seu interesse pela política e pela história. Disse numa entrevista: "Era inevitável uma pessoa politizar-se naqueles tempos. Vivia na Alemanha e não podia ser social-democrata (eram muito moderados), nem nacionalista (era inglês e judeu), nem me interessava o sionismo." Diz ter lido Marx pela primeira vez em Berlim.
Em Inglaterra obtém uma bolsa para Cambridge onde, à época, o marxismo era de bom tom. Adere em 1936 ao Partido Comunista da Grã-Bretanha e em breve colabora na sua revista teórica, Marxism Today. Com outros historiadores, como Christopher Hill, A. L. Morton, E. P. Thompson ou Raphael Samuel vai formar os "grupo dos historiadores do PC" que terá um papel inovador. Participa na fundação da revista Past and Present, liderada pelo grupo mas aberta a outras correntes. Em 1956 condena ambiguamente a invasão soviética da Hungria e, ao contrário de outros intelectuais, não abandona o PC. A debilidade do PC britânico, disse um dia, deixava aos historiadores uma grande liberdade intelectual.
A sua primeira obra, Labour's Turning Point (O Ponto de Viragem do Trabalhismo) é editada em 1948. Em 1959 publica a primeira obra inovadora,Primitive Rebels (Rebeldes Primitivos), em que estuda as sociedades secretas de resistência e as formas arcaicas da agitação social, objecto retomado emCaptain Swing (1969, em parceria com George Rudé), sobre as revoltas rurais inglesas de 1830. Ao longo dos anos 1960-70, surgem os três primeiros volumes da "tetralogia", a sua obra mais sólida e influente.
A investigação de Hobsbawm não se confina à história económico-social. A Era das Revoluções – para alguns a sua obra-prima – serve para o demonstrar. Ele sempre soube combinar "a História social estrutural com a tentativa de compreender o pensamento e os motivos individuais dos rebeldes" (David Priestland).
Deu uma particular atenção aos nacionalismos, na Era das Revoluções, emThe Invention of Tradition (1982, coeditado com Terence Ranger) ou emNations and Nationalism since 1780 (Nações e Nacionalismo desde 1780): os movimentos nacionalistas fabricam os seus próprios mitos e rituais.
A Revolução de Outubro
Hobsbawm demarcou-se do regime soviético. Nos anos 1970, aproxima-se dos eurocomunistas italianos: ele e Giorgio Napolitano (hoje Presidente da República) publicam em 1977 um livro sobre a via italiana para o socialismo. Mas, para o historiador, era difícil enfrentar o passado e optou pela fidelidade à Revolução de Outubro.
O mais lido dos seus livros, A Era dos Extremos, é o mais vulnerável. Foi acusado de minimizar os crimes do estalinismo. Reconheceu em Tempos Interessantes: "Dou-me hoje conta de que continuo a tratar a memória e a tradição da URSS com uma indulgência que não sinto pela China comunista, porque pertenço a uma geração para qual a Revolução de Outubro representava a esperança do mundo, coisa que a China nunca significou."
 Obras de Eric Hobsbawm em Portugal

“Globalização, Democracia e Terrorismo”
Presença
"A Era das Revoluções (1789-1848)"
"A Era do Capital (1848-1875)"
"A Era do Império (1875-1914)"
"A Era dos Extremos (1914-1991)"
Presença
“Tempos Interessantes: Uma Vida no Século XX”
Campo das Letras
“Escritos sobre a história”
Relógio D'Água
"O Século XXI - Reflexões Sobre o Futuro”
Entrevista a Eric Hobsbawm por Antonio Polito
Presença
"A Questão do Nacionalismo – Nações e nacionalismo desde 1780"
Terramar

sábado, 8 de junho de 2013

Xiitas x Sunitas


 Sunitas e xiitas formam a mais importante divisão presente entre os muçulmanos.  Vista como umas das mais significativas divisões do mundo islâmico, xiitas e sunitas aparecem em diversos noticiários sem uma devida explicação que possa esclarecer as dúvidas do grande público. Como se não bastassem os preconceitos que atingem a comunidade muçulmana como um todo, vemos que essa divisão é de suma importância para que seja possível entender a história de uma das mais importantes religiões existentes no mundo.  Por volta do século VIII, a expansão do islamismo por diversas partes do mundo determinou a origem da divisão que hoje estabelece a diferença entre xiitas e sunitas. Tudo isso se iniciou no ano de 632, quando a morte do profeta Muhammad abriu espaço para uma disputa sobre quem poderia ocupar a posição de principal líder político de toda a comunidade islâmica existente.  Ali, genro de Muhammad, reivindicava a sucessão por ser ele casado com Fátima, a única filha viva do profeta na época, e ter dois netos como descendentes diretos do profeta. Contudo, a maioria dos muçulmanos não concordava com essa ideia ao perceber que Ali era muito jovem e inexperiente para ocupar tamanha posição. Foi então que Abu Bakr, amigo do profeta, acabou sendo escolhido como sucessor pela maioria dos muçulmanos.  Após a vigência de Abu como califa, dois outros líderes foram aclamados como chefes supremos dos muçulmanos. Foi então que, em 656, após o assassinato do califa Uhtman, Ali conseguiu governar por um breve período. Nesse tempo, a forte oposição da tribo dos omíadas acabou estabelecendo a independência dos califados de Medina e Damasco. Pouco tempo depois, o próprio Ali acabou sendo morto por um grupo de partidários que não aceitava sua postura conciliatória.  Mesmo com essa dissidência, os partidários de Ali – conhecidos como “Shiat Ali” – prosseguiram lutando e questionando a legitimidade política dos califados que não se sujeitavam à autoridade dos descendentes diretos de Muhammad.  Conhecidos mais tarde como “xiitas”, eles acreditam que os líderes oriundos da linhagem do Profeta são líderes aprovados por Alá e, por essa razão, teriam a capacidade de tomar as decisões políticas mais sensatas.  Por outro lado, os sunitas – assim designados por também aderirem a Sunna, livro biográfico de Muhammad – têm uma ação política e religiosa mais conciliatória e pragmática. Preocupados com questões que extrapolam o campo da religiosidade, os sunitas empreendem uma interpretação mais flexível dos textos sagrados, estabelecendo assim um maior diálogo com outros povos e adaptando suas crenças com o passar do tempo.  Numericamente, os sunitas hoje representam mais de noventa por cento da população muçulmana espalhada pelo mundo. Na condição de minoria, os xiitas acreditam que sua vida ascética e a adoção de princípios mais rígidos garantiriam o retorno de Mahdi, o último descendente direto, que seria responsável pelo retorno de um governo mais justo e próspero. Já os sunitas acreditam que os livros sagrados (Alcorão e Suna) e a discussão entre os irmãos sejam suficientes para a promoção de um bom governo.
Sunitas e xiitas formam a mais importante divisão presente entre os muçulmanos.
Vista como umas das mais significativas divisões do mundo islâmico, xiitas e sunitas aparecem em diversos noticiários sem uma devida explicação que possa esclarecer as dúvidas do grande público. Como se não bastassem os preconceitos que atingem a comunidade muçulmana como um todo, vemos que essa divisão é de suma importância para que seja possível entender a história de uma das mais importantes religiões existentes no mundo.
Por volta do século VIII, a expansão do islamismo por diversas partes do mundo determinou a origem da divisão que hoje estabelece a diferença entre xiitas e sunitas. Tudo isso se iniciou no ano de 632, quando a morte do profeta Muhammad abriu espaço para uma disputa sobre quem poderia ocupar a posição de principal líder político de toda a comunidade islâmica existente.
Ali, genro de Muhammad, reivindicava a sucessão por ser ele casado com Fátima, a única filha viva do profeta na época, e ter dois netos como descendentes diretos do profeta. Contudo, a maioria dos muçulmanos não concordava com essa ideia ao perceber que Ali era muito jovem e inexperiente para ocupar tamanha posição. Foi então que Abu Bakr, amigo do profeta, acabou sendo escolhido como sucessor pela maioria dos muçulmanos.
Após a vigência de Abu como califa, dois outros líderes foram aclamados como chefes supremos dos muçulmanos. Foi então que, em 656, após o assassinato do califa Uhtman, Ali conseguiu governar por um breve período. Nesse tempo, a forte oposição da tribo dos omíadas acabou estabelecendo a independência dos califados de Medina e Damasco. Pouco tempo depois, o próprio Ali acabou sendo morto por um grupo de partidários que não aceitava sua postura conciliatória.
Mesmo com essa dissidência, os partidários de Ali – conhecidos como “Shiat Ali” – prosseguiram lutando e questionando a legitimidade política dos califados que não se sujeitavam à autoridade dos descendentes diretos de Muhammad.
Conhecidos mais tarde como “xiitas”, eles acreditam que os líderes oriundos da linhagem do Profeta são líderes aprovados por Alá e, por essa razão, teriam a capacidade de tomar as decisões políticas mais sensatas.
Por outro lado, os sunitas – assim designados por também aderirem a Sunna, livro biográfico de Muhammad – têm uma ação política e religiosa mais conciliatória e pragmática. Preocupados com questões que extrapolam o campo da religiosidade, os sunitas empreendem uma interpretação mais flexível dos textos sagrados, estabelecendo assim um maior diálogo com outros povos e adaptando suas crenças com o passar do tempo.
Numericamente, os sunitas hoje representam mais de noventa por cento da população muçulmana espalhada pelo mundo. Na condição de minoria, os xiitas acreditam que sua vida ascética e a adoção de princípios mais rígidos garantiriam o retorno de Mahdi, o último descendente direto, que seria responsável pelo retorno de um governo mais justo e próspero. Já os sunitas acreditam que os livros sagrados (Alcorão e Suna) e a discussão entre os irmãos sejam suficientes para a promoção de um bom governo.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Dia D


Dia D: tropas anglo-americanas desembarcaram no norte da França, na região chamada Normandia No dia 6 de junho de 1944, forças bélicas norte-americanas e inglesas desembarcaram e sobrevoaram a região norte da França, na Normandia, iniciava-se naquele momento a libertação da França e a derrota nazista.    O dia D, como ficou conhecido na história, tornou-se o marco inicial da efetiva derrota alemã nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), um enorme contingente de navios de guerra transportou soldados e equipamentos bélicos da Inglaterra pelo Canal da Mancha até a região da Normandia, na França, que se encontrava dominada pelos alemães desde o ano 1940.  Os aliados haviam colocado em ação a operação ‘Overlord’, que tinha como principal objetivo a reconquista do norte da Europa, dominado pelos nazistas desde o início da guerra. Após a chegada das tropas aliadas à Normandia, efetivou-se os primeiros ataques com paraquedistas, uma sequência lógica de ataques havia sido planejada, os aliados, principalmente Inglaterra e Estados Unidos, formaram uma coalizão de forças a fim de derrotar e conquistar o exército alemão.    Seguido dos ataques dos paraquedistas, uma série de navios (caçadores de minas) eliminaram qualquer possibilidade de minas no mar, paralelamente, aviões bombardearam posições estratégicas alemãs. Outro fato que se tornou fundamental para o início da queda da Alemanha nazista no dia D se deu pelas estratégias de guerra, os aliados desembarcaram em Caen (Normandia), conseguiram enganar os alemães que esperavam o desembarque e ataques em Pas-de-Calais (também na Normandia), os dois locais se distanciavam em aproximadamente 400 km.  O erro de estratégia alemã rendeu sérias baixas, a Alemanha acreditava que as tropas aliadas chegariam por Pas-de-Calais, região francesa mais próxima da Inglaterra via Canal da Mancha. As tropas anglo-americanas com cerca um milhão e meio de soldados dominaram as defesas que os alemães forjaram no litoral e logo em seguida adentraram no território francês rumo à capital, Paris. No dia 25 de agosto de 1944, a resistência francesa juntamente com os aliados tomaram Paris.  As tropas aliadas conseguiram libertar Paris, setenta e cinco dias após a invasão da Normandia, logo em seguida, marcharam em direção à Alemanha. Paralelamente à frente ocidental regimentada pelos EUA e Inglaterra, a Rússia continuava sua marcha rumo a Berlim, os alemães recuaram suas posições frente às derrotas impostas pelos russos, na chamada frente oriental. Após o início da Batalha de ‘Overlord’, conhecida como dia D, a Alemanha nazista se encontrava encurralada entre o ocidente (EUA e Inglaterra) e o oriente (Rússia).  No mês de fevereiro de 1945, o exército russo se encontrava a 150 km da capital alemã, Berlim. Em março, soldados norte-americanos entraram no território alemão; no mês de abril, ingleses, norte-americanos e russos alcançaram Berlim, a cidade estava completamente cercada pelas tropas aliadas.  No dia 30 de abril de 1945, o exército russo estava a poucos metros do bunker onde Hitler se refugiava, a conquista da Alemanha seria iminente, o que fez o führer alemão nomear o almirante nazista Karl Doenitz a presidente do Reich e Joseph Goebbels, chanceler. Logo em seguida, Hitler e sua mulher, Eva Braun, suicidaram-se.  Em maio de 1945, os alemães assinaram a capitulação final, desta maneira estava decretada oficialmente a derrota da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra.
Dia D: tropas anglo-americanas desembarcaram no norte da França, na região chamada Normandia
No dia 6 de junho de 1944, forças bélicas norte-americanas e inglesas desembarcaram e sobrevoaram a região norte da França, na Normandia, iniciava-se naquele momento a libertação da França e a derrota nazista.  
O dia D, como ficou conhecido na história, tornou-se o marco inicial da efetiva derrota alemã nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), um enorme contingente de navios de guerra transportou soldados e equipamentos bélicos da Inglaterra pelo Canal da Mancha até a região da Normandia, na França, que se encontrava dominada pelos alemães desde o ano 1940.
Os aliados haviam colocado em ação a operação ‘Overlord’, que tinha como principal objetivo a reconquista do norte da Europa, dominado pelos nazistas desde o início da guerra. Após a chegada das tropas aliadas à Normandia, efetivou-se os primeiros ataques com paraquedistas, uma sequência lógica de ataques havia sido planejada, os aliados, principalmente Inglaterra e Estados Unidos, formaram uma coalizão de forças a fim de derrotar e conquistar o exército alemão.  
Seguido dos ataques dos paraquedistas, uma série de navios (caçadores de minas) eliminaram qualquer possibilidade de minas no mar, paralelamente, aviões bombardearam posições estratégicas alemãs. Outro fato que se tornou fundamental para o início da queda da Alemanha nazista no dia D se deu pelas estratégias de guerra, os aliados desembarcaram em Caen (Normandia), conseguiram enganar os alemães que esperavam o desembarque e ataques em Pas-de-Calais (também na Normandia), os dois locais se distanciavam em aproximadamente 400 km.
O erro de estratégia alemã rendeu sérias baixas, a Alemanha acreditava que as tropas aliadas chegariam por Pas-de-Calais, região francesa mais próxima da Inglaterra via Canal da Mancha. As tropas anglo-americanas com cerca um milhão e meio de soldados dominaram as defesas que os alemães forjaram no litoral e logo em seguida adentraram no território francês rumo à capital, Paris. No dia 25 de agosto de 1944, a resistência francesa juntamente com os aliados tomaram Paris.
As tropas aliadas conseguiram libertar Paris, setenta e cinco dias após a invasão da Normandia, logo em seguida, marcharam em direção à Alemanha. Paralelamente à frente ocidental regimentada pelos EUA e Inglaterra, a Rússia continuava sua marcha rumo a Berlim, os alemães recuaram suas posições frente às derrotas impostas pelos russos, na chamada frente oriental. Após o início da Batalha de ‘Overlord’, conhecida como dia D, a Alemanha nazista se encontrava encurralada entre o ocidente (EUA e Inglaterra) e o oriente (Rússia).
No mês de fevereiro de 1945, o exército russo se encontrava a 150 km da capital alemã, Berlim. Em março, soldados norte-americanos entraram no território alemão; no mês de abril, ingleses, norte-americanos e russos alcançaram Berlim, a cidade estava completamente cercada pelas tropas aliadas.
No dia 30 de abril de 1945, o exército russo estava a poucos metros do bunker onde Hitler se refugiava, a conquista da Alemanha seria iminente, o que fez o führer alemão nomear o almirante nazista Karl Doenitz a presidente do Reich e Joseph Goebbels, chanceler. Logo em seguida, Hitler e sua mulher, Eva Braun, suicidaram-se.
Em maio de 1945, os alemães assinaram a capitulação final, desta maneira estava decretada oficialmente a derrota da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Formação da Monarquia Nacional Francesa

 Carlos VII e Filipe IV: personagens centrais do processo de formação da monarquia na França.  Ao longo da Idade Média, o território francês sofreu com o processo de desfragmentação política motivado pelo surgimento do feudalismo. Somente no século XII, ainda durante a dinastia capetíngia, o processo de centralização política francês foi iniciado pelo rei Filipe II. Usando dos conflitos contra os ingleses pelo controle do norte da França, este monarca conseguiu formar um grande exército sustentado pelos impostos cobrados ao longo do território nacional.  A formação desse imponente exército e a vitória contra os ingleses permitiu a ampliação do poder político real. A partir de então, o rei francês criou um articulado corpo de funcionários públicos que deveriam impor a autoridade real em oposição aos senhores feudais. Paralelamente, a burguesia passou a ceder grandes quantias para que o rei garantisse a liberdade das cidades através de uma carta de franquia, documento concedido pelo próprio monarca que liberava os centros urbanos das taxações feudais.  Durante o governo do rei Luís IX, o poderio real foi ampliado com a criação de instituições jurídicas subordinadas às leis nacionais e a economia comercial se fortaleceu com a instituição de uma única moeda nacional. Tempos depois, no governo de Filipe IV, o Belo, a autoridade monárquica já era uma realidade presente. No ano de 1302, a assembléia dos Estados Gerais – composta pelo clero, a nobreza e os comerciantes – foi criada com o intuito de reafirmar a ação política do rei.  Através desse órgão, o rei Filipe IV conseguiu impor taxas sobre as propriedades da Igreja. A ação do monarca francês foi imediatamente repreendida pelo papa Bonifácio VIII, que ameaçou o rei de excomunhão. Com a morte do papa, Filipe IV interferiu para que o cardeal francês Clemente V fosse escolhido como papa e, além disso, forçou que a sede do Vaticano fosse transferida para a cidade de Avignon. Nas décadas seguintes, esse episódio marcou uma rixa entre o Estado francês e a Igreja conhecida como o “cativeiro de Avignon” ou “Cisma do Ocidente”.  A essa altura, a supremacia da autoridade monárquica francesa parecia não ter mais nenhum tipo de obstáculo. No entanto, as disputas fiscais e territoriais com a Inglaterra inseriram o Estado francês nos prolongados e penosos conflitos que marcaram a Guerra dos Cem Anos. Ao longo do século XIV, os gastos com a guerra e as conturbações sociais provenientes da Peste Negra e das revoltas camponesas abalaram a supremacia monárquica. Somente no século seguinte, uma série de levantes populares conseguiu interromper as seguidas vitórias dos britânicos na guerra.  Foi nesse contexto que surgiu a mítica figura de Joana D’Arc, uma humilde filha de camponeses que comandou diversas lutas contra a Inglaterra, alegando cumprir ordens divinas. Essas vitórias fortaleceram politicamente Carlos VII, que foi coroado como rei da França e reorganizou a reação militar contra os britânicos. Mesmo sendo queimada em 1430, acusada de heresia, os feitos heróicos de Joana serviram para que os franceses voltassem a se empenhar na luta.  No ano de 1453, o rei Carlos VII concluiu o processo de expulsão dos britânicos do território francês e passou a comandar com amplos poderes. Com o apoio dos grandes burgueses, centralizou o governo nacional, criou novos impostos e financiou a instituição de um exército permanente. A partir de então, a França tornou-se o exemplo máximo do absolutismo real europeu.
Carlos VII e Filipe IV: personagens centrais do processo de formação da monarquia na França.
Ao longo da Idade Média, o território francês sofreu com o processo de desfragmentação política motivado pelo surgimento do feudalismo. Somente no século XII, ainda durante a dinastia capetíngia, o processo de centralização política francês foi iniciado pelo rei Filipe II. Usando dos conflitos contra os ingleses pelo controle do norte da França, este monarca conseguiu formar um grande exército sustentado pelos impostos cobrados ao longo do território nacional.

A formação desse imponente exército e a vitória contra os ingleses permitiu a ampliação do poder político real. A partir de então, o rei francês criou um articulado corpo de funcionários públicos que deveriam impor a autoridade real em oposição aos senhores feudais. Paralelamente, a burguesia passou a ceder grandes quantias para que o rei garantisse a liberdade das cidades através de uma carta de franquia, documento concedido pelo próprio monarca que liberava os centros urbanos das taxações feudais.

Durante o governo do rei Luís IX, o poderio real foi ampliado com a criação de instituições jurídicas subordinadas às leis nacionais e a economia comercial se fortaleceu com a instituição de uma única moeda nacional. Tempos depois, no governo de Filipe IV, o Belo, a autoridade monárquica já era uma realidade presente. No ano de 1302, a assembléia dos Estados Gerais – composta pelo clero, a nobreza e os comerciantes – foi criada com o intuito de reafirmar a ação política do rei.

Através desse órgão, o rei Filipe IV conseguiu impor taxas sobre as propriedades da Igreja. A ação do monarca francês foi imediatamente repreendida pelo papa Bonifácio VIII, que ameaçou o rei de excomunhão. Com a morte do papa, Filipe IV interferiu para que o cardeal francês Clemente V fosse escolhido como papa e, além disso, forçou que a sede do Vaticano fosse transferida para a cidade de Avignon. Nas décadas seguintes, esse episódio marcou uma rixa entre o Estado francês e a Igreja conhecida como o “cativeiro de Avignon” ou “Cisma do Ocidente”.

A essa altura, a supremacia da autoridade monárquica francesa parecia não ter mais nenhum tipo de obstáculo. No entanto, as disputas fiscais e territoriais com a Inglaterra inseriram o Estado francês nos prolongados e penosos conflitos que marcaram a Guerra dos Cem Anos. Ao longo do século XIV, os gastos com a guerra e as conturbações sociais provenientes da Peste Negra e das revoltas camponesas abalaram a supremacia monárquica. Somente no século seguinte, uma série de levantes populares conseguiu interromper as seguidas vitórias dos britânicos na guerra.

Foi nesse contexto que surgiu a mítica figura de Joana D’Arc, uma humilde filha de camponeses que comandou diversas lutas contra a Inglaterra, alegando cumprir ordens divinas. Essas vitórias fortaleceram politicamente Carlos VII, que foi coroado como rei da França e reorganizou a reação militar contra os britânicos. Mesmo sendo queimada em 1430, acusada de heresia, os feitos heróicos de Joana serviram para que os franceses voltassem a se empenhar na luta.

No ano de 1453, o rei Carlos VII concluiu o processo de expulsão dos britânicos do território francês e passou a comandar com amplos poderes. Com o apoio dos grandes burgueses, centralizou o governo nacional, criou novos impostos e financiou a instituição de um exército permanente. A partir de então, a França tornou-se o exemplo máximo do absolutismo real europeu.

Formação da Monarquia Nacional Portuguesa

 D. Afonso Henriques e D. João I: personagens centrais na consolidação do Estado Nacional Português.  A instalação das monarquias espanhola e portuguesa é usualmente compreendida a partir das guerras que tentaram expulsar os muçulmanos da Península Ibérica. Desde o século VIII os árabes haviam dominado boa parte do território ibérico em função da expansão muçulmana ocorrida no final da Alta Idade Média. A partir do século XI, no contexto das Cruzadas, os reinos cristãos que dominavam a região norte formaram exércitos com o objetivo de reconquistar as terras dos chamados “infiéis”.  Os reinos de Leão, Castela, Navarra e Aragão juntaram forças para uma longa guerra que chegou ao fim somente no século XV. Nesse processo, os reinos participantes desta guerra buscaram o auxílio do nobre francês Henrique de Borgonha que, em troca, recebeu terras do chamado condado Portucalense e casou-se com Dona Teresa, filha ilegítima do rei de Leão. Após a morte de Henrique de Borgonha, seu filho, Afonso Henriques, lutou pela autonomia política do condado.  A partir desse momento, a primeira dinastia monárquica se consolidou no Condado Portucalense dando continuidade ao processo de expulsão dos muçulmanos. As terras conquistadas eram diretamente controladas pela autoridade do rei, que não concedia a posse hereditária dos feudos cedidos aos membros da nobreza. Paralelamente, a classe burguesa se consolidou pela importante posição geográfica na circulação de mercadorias entre o Mar Mediterrâneo e o Mar do Norte.  No ano de 1383, o trono português ficou sem herdeiros com a morte do rei Henrique I. Nesse momento, o reino de Castela tentou reivindicar o domínio das terras lusitanas apoiando o genro de Dom Fernando. Sentindo-se ameaçada, a burguesia lusitana empreendeu uma resistência ao processo de anexação de Portugal formando um exército próprio. Na batalha de Aljubarrota, os burgueses venceram os castelhanos e, assim, conduziram Dom João, mestre de Avis, ao trono português.  Essa luta – conhecida como Revolução de Avis – marcou a ascensão de uma nova dinastia comprometida com os interesses da burguesia lusitana. Com isso, o estado nacional português se fortaleceu com o franco desenvolvimento das atividades mercantis e a cobrança sistemática de impostos. Tal associação promoveu o pioneirismo português na expansão marítima que se deflagrou ao longo do século XV.
D. Afonso Henriques e D. João I: personagens centrais na consolidação do Estado Nacional Português.
A instalação das monarquias espanhola e portuguesa é usualmente compreendida a partir das guerras que tentaram expulsar os muçulmanos da Península Ibérica. Desde o século VIII os árabes haviam dominado boa parte do território ibérico em função da expansão muçulmana ocorrida no final da Alta Idade Média. A partir do século XI, no contexto das Cruzadas, os reinos cristãos que dominavam a região norte formaram exércitos com o objetivo de reconquistar as terras dos chamados “infiéis”.

Os reinos de Leão, Castela, Navarra e Aragão juntaram forças para uma longa guerra que chegou ao fim somente no século XV. Nesse processo, os reinos participantes desta guerra buscaram o auxílio do nobre francês Henrique de Borgonha que, em troca, recebeu terras do chamado condado Portucalense e casou-se com Dona Teresa, filha ilegítima do rei de Leão. Após a morte de Henrique de Borgonha, seu filho, Afonso Henriques, lutou pela autonomia política do condado.

A partir desse momento, a primeira dinastia monárquica se consolidou no Condado Portucalense dando continuidade ao processo de expulsão dos muçulmanos. As terras conquistadas eram diretamente controladas pela autoridade do rei, que não concedia a posse hereditária dos feudos cedidos aos membros da nobreza. Paralelamente, a classe burguesa se consolidou pela importante posição geográfica na circulação de mercadorias entre o Mar Mediterrâneo e o Mar do Norte.

No ano de 1383, o trono português ficou sem herdeiros com a morte do rei Henrique I. Nesse momento, o reino de Castela tentou reivindicar o domínio das terras lusitanas apoiando o genro de Dom Fernando. Sentindo-se ameaçada, a burguesia lusitana empreendeu uma resistência ao processo de anexação de Portugal formando um exército próprio. Na batalha de Aljubarrota, os burgueses venceram os castelhanos e, assim, conduziram Dom João, mestre de Avis, ao trono português.

Essa luta – conhecida como Revolução de Avis – marcou a ascensão de uma nova dinastia comprometida com os interesses da burguesia lusitana. Com isso, o estado nacional português se fortaleceu com o franco desenvolvimento das atividades mercantis e a cobrança sistemática de impostos. Tal associação promoveu o pioneirismo português na expansão marítima que se deflagrou ao longo do século XV.

Formação da Monarquia Nacional Espanhola

A união de Fernando de Aragão e Isabel de Castela garantiu a formação do Estado Espanhol. A Península Ibérica, durante o século VIII, teve grande parte de seus territórios dominados pelos árabes que, inspirados pela jihad muçulmana, empreenderam a conquista de diversas localidades do Oriente e do Ocidente. Na porção centro-sul, os árabes consolidaram a formação do Califado de Córdoba, enquanto a região norte ficou sob controle dos reinos cristãos de Leão, Castela, Navarra, Aragão e o Condado de Barcelona.  Por volta do século XI, esses reinos católicos resolveram formar exércitos que – inspirados pelo movimento cruzadista – teriam a missão de expulsar os “infiéis” muçulmanos daquela região. A partir de então, a chamada Guerra de Reconquista se alongou até o século XV. Com o desenvolvimento desses conflitos, os diferentes reinos participantes do combate conseguiram reduzir a presença dos muçulmanos e conquistar novas terras que enriqueceram tais governos.  Durante essas guerras, os reinos ibéricos conseguiram a participação do francês Henrique de Borgonha, nobre que participou da guerra em troca do controle sob as terras do Condado Portucalense. Anos mais tarde, essa região deu origem à Monarquia Nacional Portuguesa. Já no século XV, a hegemonia dos reinos católicos era garantida pelo reino de Castela, que controlava a grande maioria das terras da Península Ibérica nesse período.  Em 1469, a presença muçulmana estava restrita ao Reino Mouro de Granada. Nesse mesmo ano, os territórios do Reino de Castela e Aragão foram unificados graças ao casamento entre os monarcas cristãos Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Depois disso, novos exércitos foram responsáveis por expulsar os muçulmanos definitivamente com a tomada de Granada, no ano de 1492. A partir de então, esse reino passou a fortalecer-se com franco incentivo ao comércio marítimo.
A união de Fernando de Aragão e Isabel de Castela garantiu a formação do Estado Espanhol.
A Península Ibérica, durante o século VIII, teve grande parte de seus territórios dominados pelos árabes que, inspirados pela jihad muçulmana, empreenderam a conquista de diversas localidades do Oriente e do Ocidente. Na porção centro-sul, os árabes consolidaram a formação do Califado de Córdoba, enquanto a região norte ficou sob controle dos reinos cristãos de Leão, Castela, Navarra, Aragão e o Condado de Barcelona.

Por volta do século XI, esses reinos católicos resolveram formar exércitos que – inspirados pelo movimento cruzadista – teriam a missão de expulsar os “infiéis” muçulmanos daquela região. A partir de então, a chamada Guerra de Reconquista se alongou até o século XV. Com o desenvolvimento desses conflitos, os diferentes reinos participantes do combate conseguiram reduzir a presença dos muçulmanos e conquistar novas terras que enriqueceram tais governos.

Durante essas guerras, os reinos ibéricos conseguiram a participação do francês Henrique de Borgonha, nobre que participou da guerra em troca do controle sob as terras do Condado Portucalense. Anos mais tarde, essa região deu origem à Monarquia Nacional Portuguesa. Já no século XV, a hegemonia dos reinos católicos era garantida pelo reino de Castela, que controlava a grande maioria das terras da Península Ibérica nesse período.

Em 1469, a presença muçulmana estava restrita ao Reino Mouro de Granada. Nesse mesmo ano, os territórios do Reino de Castela e Aragão foram unificados graças ao casamento entre os monarcas cristãos Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Depois disso, novos exércitos foram responsáveis por expulsar os muçulmanos definitivamente com a tomada de Granada, no ano de 1492. A partir de então, esse reino passou a fortalecer-se com franco incentivo ao comércio marítimo.

Revolução Francesa

A queda da Bastilha é um dos maiores símbolos da Revolução Francesa.   A queda da Bastilha é um dos maiores símbolos da Revolução Francesa.  No desenvolver do século XVIII existem dois importantes fatos históricos que marcaram esse período. De um lado temos a ascensão dos ideais iluministas, que pregavam a liberdade econômica e o fim das amarras políticas estabelecidas pelo poder monárquico. Além disso, esse mesmo século assistiu uma nova etapa da economia mundial com a ascensão do capitalismo industrial.  Nesse contexto, a França conviveu com uma interessante contradição. Ao mesmo tempo em que abrigou importantes personagens do pensamento iluminista, contava com um estado monárquico centralizado e ainda marcado por diversos costumes atrelados a diversas tradições feudais. A sociedade francesa estava dividia em classes sociais distintas pela condição econômica e os privilégios usufruídos junto ao Estado.  De um lado, tínhamos a nobreza e o alto clero usufruindo da posse das terras e a isenção dos impostos. Além disso, devemos salientar a família real que desfrutava de privilégios e vivia à custa dos impostos recolhidos pelo governo. No meio urbano, havia uma classe burguesa desprovida de qualquer auxilio governamental e submetida a uma pesada carga tributária que restringia o desenvolvimento de suas atividades comerciais.  A classe proletária francesa também vivia uma situação penosa. No campo, os camponeses eram sujeitos ao poder econômico dos senhores feudais e viviam em condições mínimas. Muitos deles acabavam por ocupar os centros urbanos, que já se entupiam de um amplo grupo de desempregados e miseráveis excluídos por uma economia que não se alinhava às necessidades do nascente capitalismo industrial.  Somados a todos estes fatores, a derrota francesa em alguns conflitos militares e as péssimas colheitas do final do século XVIII, contribuíram para que a crise econômica, e a desordem social se instalassem de vez na França. Desse modo, a década de 1780 veio carregada de contradições, anseios e problemas de uma nação que não dava mais crédito a suas autoridades. Temos assim, os preparativos da chamada Revolução Francesa.
A queda da Bastilha é um dos maiores símbolos da Revolução Francesa.
No desenvolver do século XVIII existem dois importantes fatos históricos que marcaram esse período. De um lado temos a ascensão dos ideais iluministas, que pregavam a liberdade econômica e o fim das amarras políticas estabelecidas pelo poder monárquico. Além disso, esse mesmo século assistiu uma nova etapa da economia mundial com a ascensão do capitalismo industrial.

Nesse contexto, a França conviveu com uma interessante contradição. Ao mesmo tempo em que abrigou importantes personagens do pensamento iluminista, contava com um estado monárquico centralizado e ainda marcado por diversos costumes atrelados a diversas tradições feudais. A sociedade francesa estava dividia em classes sociais distintas pela condição econômica e os privilégios usufruídos junto ao Estado.

De um lado, tínhamos a nobreza e o alto clero usufruindo da posse das terras e a isenção dos impostos. Além disso, devemos salientar a família real que desfrutava de privilégios e vivia à custa dos impostos recolhidos pelo governo. No meio urbano, havia uma classe burguesa desprovida de qualquer auxilio governamental e submetida a uma pesada carga tributária que restringia o desenvolvimento de suas atividades comerciais.

A classe proletária francesa também vivia uma situação penosa. No campo, os camponeses eram sujeitos ao poder econômico dos senhores feudais e viviam em condições mínimas. Muitos deles acabavam por ocupar os centros urbanos, que já se entupiam de um amplo grupo de desempregados e miseráveis excluídos por uma economia que não se alinhava às necessidades do nascente capitalismo industrial.

Somados a todos estes fatores, a derrota francesa em alguns conflitos militares e as péssimas colheitas do final do século XVIII, contribuíram para que a crise econômica, e a desordem social se instalassem de vez na França. Desse modo, a década de 1780 veio carregada de contradições, anseios e problemas de uma nação que não dava mais crédito a suas autoridades. Temos assim, os preparativos da chamada Revolução Francesa.

Formação dos Estados Nacionais Modernos


As monarquias nacionais centralizaram o poder político na figura de um rei.
No decorrer da Idade Média, a figura política do rei era bem distante daquela que usualmente costumamos imaginar. O poder local dos senhores feudais não se submetia a um conjunto de leis impostas pela autoridade real. Quando muito, um rei poderia ter influência política sobre os nobres que recebiam parte das terras de suas propriedades. No entanto, o reaquecimento das atividades comerciais, na Baixa idade Média, transformou a importância política dos reis.

A autoridade monárquica se estendeu por todo um território definido por limites, traços culturais e linguísticos que perfilavam a formação de um Estado Nacional. Para tanto, foi preciso superar os obstáculos impostos pelo particularismo e universalismo político que marcaram toda a Idade Média. O universalismo manifestava-se na ampla autoridade da Igreja, constituindo a posse sobre grandes extensões de terra e a imposição de leis e tributos próprios. Já o particularismo desenvolveu-se nos costumes políticos locais enraizados nos feudos e nas cidades comerciais.

Os comerciantes burgueses surgiram enquanto classe social interessada na formação de um regime político centralizado. As leis de caráter local, instituídas em cada um dos feudos, encareciam as atividades comerciais por meio da cobrança de impostos e pedágios que inflacionavam os custos de uma viagem comercial. Além disso, a falta de uma moeda padrão instituía uma enorme dificuldade no cálculo dos lucros e na cotação dos preços das mercadorias.

Além disso, a crise das relações servis causou um outro tipo de situação favorável à formação de um governo centralizado. Ameaçados por constantes revoltas – principalmente na Baixa Idade Média – e a queda da produção agrícola, os senhores feudais recorriam à autoridade real com o intuito de formar exércitos suficientemente preparados para conter as revoltas camponesas. Dessa maneira, a partir do século XI, observamos uma gradual elevação das atribuições políticas do rei.

Para convergir maiores poderes em mãos, o Estado monárquico buscou o controle sobre questões de ordem fiscal, jurídica e militar. Em outros termos, o rei deveria ter autoridade e legitimidade suficientes para criar leis, formar exércitos e decretar impostos. Com esses três mecanismos de ação, as monarquias foram se estabelecendo por meio de ações conjuntas que tinham o apoio tanto da burguesia comerciante, quanto da nobreza feudal.

Com o apoio dos comerciantes, os reis criaram exércitos mercenários que tinham caráter essencialmente temporário. Ao longo dos anos, a ajuda financeira dos comerciantes tratou de formar as milícias urbanas e as primeiras infantarias. Tal medida enfraqueceu a atuação dos cavaleiros que limitavam sua ação militar aos interesses de seu suserano. A formação de exércitos foi um passo importante para que os limites territoriais fossem fixados e para que fosse possível a imposição de uma autoridade de ordem nacional.

A partir de então, o rei acumulava poderes para instituir tributos que sustentariam o Estado e, ao mesmo tempo, regulamentaria os impostos a serem cobrados em seu território. Concomitantemente, as moedas ganhariam um padrão de valor, peso e medida capaz de calcular antecipadamente os ganhos obtidos com o comércio e a cobrança de impostos. A fixação de tais mudanças personalizou a supremacia política dos Estados europeus na figura individual de um rei.

Além de contar com o patrocínio da classe burguesa, a formação das monarquias absolutistas também contou com apoio de ordem intelectual e filosófica. Os pensadores políticos da renascença criaram importantes obras que refletiam sobre o papel a ser desempenhado pelo rei. No campo religioso, a aprovação das autoridades religiosas se mostrava importante para que os antigos servos agora se transformassem em súditos à autoridade de um rei.

Absolutismo

Luís XIV, um dos expoentes do absolutismo francês. Comumente compreendida como uma forma de governo que veio superar os entraves do mundo feudal, a ascensão dos Estados Nacionais Absolutistas envolve um conjunto de fatores bem mais amplos que simples mudança de um sistema socioeconômico. É bem verdade que, desde o século XI, com o reaquecimento das atividades comerciais pela Europa, alguns costumes e práticas da Idade Média perderam espaço para o início de um novo período histórico. Porém, existem outros fatores de ordem cultural, geográfica e filosófica importantes para a compreensão desse processo.  Dessa forma, não foi só pelo interesse da burguesia comercial que os Estados Nacionais conseguiram se firmar em solo Europeu. Os chamados teóricos do absolutismo, que surgiram principalmente no século XVI, também serviram de base para que essa nova forma de regime político pudesse se estabelecer. Mesmo defendendo novas idéias, podemos também compreender que as teorias absolutistas não promoveram uma ruptura completa com alguns pontos da sociedade feudal.  No Estado Absolutista, a autoridade máxima era representada pela figura do rei, que na grande maioria dos casos tinha origem nobre. A partir disso, podemos evidenciar que a nobreza detentora de terras, poderosa durante o mundo feudal, também participou dos mais elevados quadros políticos da Idade Moderna. É importante lembrar que os nobres, dentro do Estado Absolutista, desfrutavam de grandes privilégios como, por exemplo, a isenção de impostos.  Contundo, não podemos deixar de frisar o papel da burguesia, que via na unificação e nas padronizações político-adminstrativas um meio eficaz para ampliar seus ganhos comerciais. A descentralização política, o pagamento de tributos feudais e a falta de uma unidade monetária limitavam imensamente os ganhos comerciais. Com a criação de um território unificado, onde só o Estado cobrava impostos e existia uma mesma moeda, era possível aumentar os lucros da burguesia.  Para a criação dos estados, além do interesse da burguesia e da nobreza, também deveriam ser desenvolvidas um novo conjunto de valores culturais e ações geopolíticas que legitimassem a nova ordem estabelecida. Dessa forma, os Estados Nacionais procuraram definir seus territórios, promoveram a criação de símbolos nacionais, criaram uma única moeda, estabeleceram uma língua oficial e, até mesmo, recontaram as origens do povo pertencente àquela nação. Outro fator importante na construção do Estado Nacional foi a adesão da Igreja ao novo poder, proclamando o caráter divino do rei.  Assim, devemos compreender que a formação dos Estados Nacionais como um processo lento e gradual. As monarquias nacionais foram surgindo na Europa ao custo de diversas batalhas e tratados que vão dar a estabilidade necessária a esse tipo de governo. Entre outras batalhas podemos destacar a Guerra da Reconquista, que expulsou os árabes da península Ibérica; e a Guerra dos Cem Anos, que marcou disputas territoriais entre a Inglaterra e a França como exemplos das disputas que marcaram a formação das Monarquias Nacionais.
Luís XIV, um dos expoentes do absolutismo francês.
Comumente compreendida como uma forma de governo que veio superar os entraves do mundo feudal, a ascensão dos Estados Nacionais Absolutistas envolve um conjunto de fatores bem mais amplos que simples mudança de um sistema socioeconômico. É bem verdade que, desde o século XI, com o reaquecimento das atividades comerciais pela Europa, alguns costumes e práticas da Idade Média perderam espaço para o início de um novo período histórico. Porém, existem outros fatores de ordem cultural, geográfica e filosófica importantes para a compreensão desse processo.

Dessa forma, não foi só pelo interesse da burguesia comercial que os Estados Nacionais conseguiram se firmar em solo Europeu. Os chamados teóricos do absolutismo, que surgiram principalmente no século XVI, também serviram de base para que essa nova forma de regime político pudesse se estabelecer. Mesmo defendendo novas idéias, podemos também compreender que as teorias absolutistas não promoveram uma ruptura completa com alguns pontos da sociedade feudal.

No Estado Absolutista, a autoridade máxima era representada pela figura do rei, que na grande maioria dos casos tinha origem nobre. A partir disso, podemos evidenciar que a nobreza detentora de terras, poderosa durante o mundo feudal, também participou dos mais elevados quadros políticos da Idade Moderna. É importante lembrar que os nobres, dentro do Estado Absolutista, desfrutavam de grandes privilégios como, por exemplo, a isenção de impostos.

Contundo, não podemos deixar de frisar o papel da burguesia, que via na unificação e nas padronizações político-adminstrativas um meio eficaz para ampliar seus ganhos comerciais. A descentralização política, o pagamento de tributos feudais e a falta de uma unidade monetária limitavam imensamente os ganhos comerciais. Com a criação de um território unificado, onde só o Estado cobrava impostos e existia uma mesma moeda, era possível aumentar os lucros da burguesia.

Para a criação dos estados, além do interesse da burguesia e da nobreza, também deveriam ser desenvolvidas um novo conjunto de valores culturais e ações geopolíticas que legitimassem a nova ordem estabelecida. Dessa forma, os Estados Nacionais procuraram definir seus territórios, promoveram a criação de símbolos nacionais, criaram uma única moeda, estabeleceram uma língua oficial e, até mesmo, recontaram as origens do povo pertencente àquela nação. Outro fator importante na construção do Estado Nacional foi a adesão da Igreja ao novo poder, proclamando o caráter divino do rei.

Assim, devemos compreender que a formação dos Estados Nacionais como um processo lento e gradual. As monarquias nacionais foram surgindo na Europa ao custo de diversas batalhas e tratados que vão dar a estabilidade necessária a esse tipo de governo. Entre outras batalhas podemos destacar a Guerra da Reconquista, que expulsou os árabes da península Ibérica; e a Guerra dos Cem Anos, que marcou disputas territoriais entre a Inglaterra e a França como exemplos das disputas que marcaram a formação das Monarquias Nacionais.

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