
[Imagem: ESO/L. Calçada]
Ondas de choque com direção preferencial
Uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da França e da Alemanha pode ter desvendado o mistério de por que os remanescentes das supernovas que observamos da Terra algumas vezes são axissimétricos - alongados ao longo de um eixo - e não esféricos.
Uma supernova acontece quando uma estrela fica sem combustível e morre, colapsando sobre si mesma por sua enorme gravidade, o que gera uma explosão descomunal que causa ondas de choque no meio circundante. Essas ondas de choque, conhecidas como remanescentes das supernovas, se espalham por vastas distâncias ao longo de milhares de anos.
Como as estrelas são esféricas, o que se esperaria é que esses remanescentes fossem esfericamente simétricos, uma vez que a energia é lançada em todas as direções.
No entanto, os telescópios já captaram muitas imagens que diferem dessa nossa expectativa. Por exemplo, o remanescente da supernova G296.5+10.0 (ainda não conhecido o suficiente para merecer um nome mais atraente) é simétrico ao longo do seu eixo vertical. Os astrônomos já apresentaram muitas hipóteses para explicar essas observações, mas até agora tem sido difícil testá-las.
Explosão dirigida
Paul Mabey, da Escola Politécnica de Paris, decidiu tentar reproduzir esse fenômeno astrofísico em menor escala em laboratório. Para isso, a equipe utilizou lasers de alta potência e um novo gerador de campo magnético, conhecido como bobina Helmholtz, construído por uma equipe do Centro de Pesquisas Helmholtz, na Alemanha.
Eles descobriram que, quando o campo magnético é aplicado na explosão, a onda de choque se espicha ao longo de uma direção preferencial, exatamente como vemos nas imagens captadas pelos telescópios.
Alimentada por um gerador de pulsos de alta tensão, a bobina Helmholtz gerou campos magnéticos extremos, que atingem uma força de 10 Teslas. Como o resultado final bateu com as observações, a hipótese é que, em torno da supernova G296.5+10.0 há um campo magnético de grande escala, responsável por sua forma atual.
Magnetismo universal
Os astrofísicos agora esperam usar observações dos remanescentes de outras supernovas - já conhecidas e futuras - para determinar a força e a direção dos campos magnéticos em todo o Universo.
Isso representaria uma revolução na astrofísica, uma vez que sabemos que o magnetismo é onipresente no Universo, mas não temos meios de medi-lo diretamente à distância - apenas por seus efeitos sobre a matéria -, o que significa que essa força fundamental praticamente não é levada em conta em nossos modelos cosmológicos.
Explicar por que uma supernova seria circundada por um campo magnético de tão grande magnitude, a ponto de direcionar os restos da explosão, seria um primeiro resultado muito bem-vindo de um eventual mapeamento do magnetismo cósmico.
Artigo: Laboratory study of bilateral supernova remnants and continuous MHD shocks
Autores: Paul Mabey, B. Albertazzi, G. Rigon, J. R. Marquès, C. A. J. Palmer, J. Topp-Mugglestone, P. Perez-Martin, F. Kroll, F.-E. Brack, T. E. Cowan, U. Schramm, K. Falk, G. Gregori, E. Falize, M. Koenig
Revista: Astrophysical Journal
DOI: 10.3847/1538-4357/ab92a4








![Descoberto buraco negro mais próximo da Terra Esta concepção artística mostra as órbitas dos objetos no sistema estelar triplo HR 6819. Este sistema é composto por um binário interior com uma estrela (órbita azul) e um buraco negro recentemente descoberto (órbita vermelha), assim como por uma terceira estrela numa órbita mais afastada (também azul). [Imagem: ESO/L. Calçada] Buraco negro mais próximo da Terra Uma equipe de astrônomos do Observatório Europeu do Sul (ESO) descobriu um buraco negro situado a apenas 1.000 anos-luz de distância da Terra. O corpo celeste encontra-se mais próximo do nosso Sistema Solar do que qualquer outro buraco negro encontrado até agora e faz parte de um sistema triplo que pode ser visto a olho nu. A equipe afirma que este sistema pode ser apenas a ponta do iceberg, já que muitos outros buracos negros semelhantes poderão ser descobertos. "Ficamos bastante surpresos quando percebemos que este é o primeiro sistema estelar com um buraco negro que podemos observar a olho nu," disse Petr Hadrava, da Academia de Ciências da República Tcheca. Localizado na constelação do Telescópio, o sistema se encontra tão próximo de nós que suas estrelas podem ser vistas do Hemisfério Sul em uma noite escura e clara sem binóculos ou telescópio. Como se descobre um buraco negro A equipe observou originalmente o sistema, chamado HR 6819, como parte de um estudo de sistemas de estrelas duplas. No entanto as observações revelaram que uma das duas estrelas visíveis orbitava um objeto invisível com um período de 40 dias, enquanto a segunda estrela se encontrava a maior distância desse par interno. Como nenhum outro corpo celeste foi encontrado lá, durante meses de observação, a conclusão é que se trata de um buraco negro. Se a conclusão estiver correta, o buraco negro escondido no binário HR 6819 seria um dos primeiros buracos negros estelares descoberto que não interage violentamente com o meio que o circunda e, portanto, parece ser verdadeiramente negro, não emitindo outro tipo de radiação, como acontece quando os buracos negros engolem massa ao seu redor. Apesar disso, a equipe conseguiu detectar a sua presença e calcular a sua massa ao estudar a órbita da estrela do par interno. "Um objeto invisível com uma massa de pelo menos 4 vezes a massa do Sol, só pode ser um buraco negro," concluiu Thomas Rivinius, que liderou as observações. Descoberto buraco negro mais próximo da Terra Este mapa mostra a localização do sistema triplo HR 6819 na constelação do Telescópio, onde se encontra o buraco negro mais próximo da Terra descoberto até agora. [Imagem: ESO/IAU/Sky & Telescope] Buracos negros na Via Láctea Até agora, os astrônomos descobriram apenas cerca de duas dúzias de buracos negros na nossa galáxia, quase todos em interação violenta com o seu meio envolvente e dando provas da sua presença pela forte emissão de raios X. No entanto, os cientistas estimam que, durante todo o tempo que a Via Láctea já existiu, muitas estrelas devem ter colapsado sob a forma de buracos negros no final das suas vidas. A descoberta de um buraco negro "silencioso e invisível" no sistema HR 6819 fornece pistas sobre onde podem estar esses muitos buracos negros ocultos na Via Láctea. "Deve haver centenas de milhões de buracos negros, mas nós apenas conhecemos alguns. Saber o que procurar nos dá agora uma melhor oportunidade de os encontrar," disse Rivinius. Os astrônomos acreditam também que sua descoberta poderia lançar alguma luz sobre um segundo sistema que eles vêm observando há algum tempo. "Acreditamos que outro sistema, chamado LB-1, também possa ser um sistema triplo deste tipo, apesar de necessitarmos de mais observações para ter certeza," disse Marianne Heida, membro da equipe. "O LB-1 se encontra um pouco mais afastado da Terra, mas ainda está bastante próximo em termos astronômicos, o que significa que provavelmente existem muitos destes sistemas. Encontrá-los e estudá-los nos dá a oportunidade de aprender bastante sobre a formação e evolução das estrelas raras que começam as suas vidas com mais de cerca de 8 vezes a massa do Sol e terminam as suas vidas numa explosão de supernova, deixando como resto um buraco negro." FONTE: ESO Bibliografia: Artigo: A naked-eye triple system with a nonaccreting black hole in the inner binary Autores: Thomas Rivinius, Dietrich Baade, Petr Hadrava, Marianne Heida, R. Klement Revista: Astronomy & Astrophysics Vol.: 637, L3 DOI: 10.1051/0004-6361/202038020](https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/imagens/010130200506-buraco-negro-mais-proximo-da-terra-1.jpg)
![Descoberto buraco negro mais próximo da Terra Esta concepção artística mostra as órbitas dos objetos no sistema estelar triplo HR 6819. Este sistema é composto por um binário interior com uma estrela (órbita azul) e um buraco negro recentemente descoberto (órbita vermelha), assim como por uma terceira estrela numa órbita mais afastada (também azul). [Imagem: ESO/L. Calçada] Buraco negro mais próximo da Terra Uma equipe de astrônomos do Observatório Europeu do Sul (ESO) descobriu um buraco negro situado a apenas 1.000 anos-luz de distância da Terra. O corpo celeste encontra-se mais próximo do nosso Sistema Solar do que qualquer outro buraco negro encontrado até agora e faz parte de um sistema triplo que pode ser visto a olho nu. A equipe afirma que este sistema pode ser apenas a ponta do iceberg, já que muitos outros buracos negros semelhantes poderão ser descobertos. "Ficamos bastante surpresos quando percebemos que este é o primeiro sistema estelar com um buraco negro que podemos observar a olho nu," disse Petr Hadrava, da Academia de Ciências da República Tcheca. Localizado na constelação do Telescópio, o sistema se encontra tão próximo de nós que suas estrelas podem ser vistas do Hemisfério Sul em uma noite escura e clara sem binóculos ou telescópio. Como se descobre um buraco negro A equipe observou originalmente o sistema, chamado HR 6819, como parte de um estudo de sistemas de estrelas duplas. No entanto as observações revelaram que uma das duas estrelas visíveis orbitava um objeto invisível com um período de 40 dias, enquanto a segunda estrela se encontrava a maior distância desse par interno. Como nenhum outro corpo celeste foi encontrado lá, durante meses de observação, a conclusão é que se trata de um buraco negro. Se a conclusão estiver correta, o buraco negro escondido no binário HR 6819 seria um dos primeiros buracos negros estelares descoberto que não interage violentamente com o meio que o circunda e, portanto, parece ser verdadeiramente negro, não emitindo outro tipo de radiação, como acontece quando os buracos negros engolem massa ao seu redor. Apesar disso, a equipe conseguiu detectar a sua presença e calcular a sua massa ao estudar a órbita da estrela do par interno. "Um objeto invisível com uma massa de pelo menos 4 vezes a massa do Sol, só pode ser um buraco negro," concluiu Thomas Rivinius, que liderou as observações. Descoberto buraco negro mais próximo da Terra Este mapa mostra a localização do sistema triplo HR 6819 na constelação do Telescópio, onde se encontra o buraco negro mais próximo da Terra descoberto até agora. [Imagem: ESO/IAU/Sky & Telescope] Buracos negros na Via Láctea Até agora, os astrônomos descobriram apenas cerca de duas dúzias de buracos negros na nossa galáxia, quase todos em interação violenta com o seu meio envolvente e dando provas da sua presença pela forte emissão de raios X. No entanto, os cientistas estimam que, durante todo o tempo que a Via Láctea já existiu, muitas estrelas devem ter colapsado sob a forma de buracos negros no final das suas vidas. A descoberta de um buraco negro "silencioso e invisível" no sistema HR 6819 fornece pistas sobre onde podem estar esses muitos buracos negros ocultos na Via Láctea. "Deve haver centenas de milhões de buracos negros, mas nós apenas conhecemos alguns. Saber o que procurar nos dá agora uma melhor oportunidade de os encontrar," disse Rivinius. Os astrônomos acreditam também que sua descoberta poderia lançar alguma luz sobre um segundo sistema que eles vêm observando há algum tempo. "Acreditamos que outro sistema, chamado LB-1, também possa ser um sistema triplo deste tipo, apesar de necessitarmos de mais observações para ter certeza," disse Marianne Heida, membro da equipe. "O LB-1 se encontra um pouco mais afastado da Terra, mas ainda está bastante próximo em termos astronômicos, o que significa que provavelmente existem muitos destes sistemas. Encontrá-los e estudá-los nos dá a oportunidade de aprender bastante sobre a formação e evolução das estrelas raras que começam as suas vidas com mais de cerca de 8 vezes a massa do Sol e terminam as suas vidas numa explosão de supernova, deixando como resto um buraco negro." FONTE: ESO Bibliografia: Artigo: A naked-eye triple system with a nonaccreting black hole in the inner binary Autores: Thomas Rivinius, Dietrich Baade, Petr Hadrava, Marianne Heida, R. Klement Revista: Astronomy & Astrophysics Vol.: 637, L3 DOI: 10.1051/0004-6361/202038020](https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/imagens/010130200506-buraco-negro-mais-proximo-da-terra-2.jpg)