Formação geológica e relevo podem (e devem!) ser ensinados de forma integrada.
Terreno novo, na borda de uma placa...
Cadeias montanhosas como os Andes seguem em formação
Cadeias montanhosas como os Andes seguem em formação
O choque de placas
A. Há cerca de 60 milhões de anos, as placas tectônicas de Nazca e Sul-americana se chocaram, provocando dobras na crosta terrestre.
B. O choque fez com que a placa de Nazca entrasse embaixo da Sul-americana, em um movimento que continua até hoje.
C. O terreno dobrou porque era composto de rochas sedimentares, maleáveis. É provável que elas fossem do fundo de um oceano.
D. O dobramento ajudou a "afundar" a superfície do interior continental, impactando o relevo dos pampas, do Pantanal e da Amazônia.
O ciclo das rochas
1. O resfriamento da lava vulcânica na superfície origina rochas ígneas.
2. A ação do vento e das chuvas sobre as rochas provoca erosão e o transporte de sedimentos até o mar.
3. Depositados no fundo do oceano, esses sedimentos se transformam em rochas sedimentares.
4. Conforme afundam na crosta oceânica, essas rochas tornam-se metamórficas. Ao mergulharem no manto, fundem-se e voltam à superfície como lava.
A. Há cerca de 60 milhões de anos, as placas tectônicas de Nazca e Sul-americana se chocaram, provocando dobras na crosta terrestre.
B. O choque fez com que a placa de Nazca entrasse embaixo da Sul-americana, em um movimento que continua até hoje.
C. O terreno dobrou porque era composto de rochas sedimentares, maleáveis. É provável que elas fossem do fundo de um oceano.
D. O dobramento ajudou a "afundar" a superfície do interior continental, impactando o relevo dos pampas, do Pantanal e da Amazônia.
O ciclo das rochas
1. O resfriamento da lava vulcânica na superfície origina rochas ígneas.
2. A ação do vento e das chuvas sobre as rochas provoca erosão e o transporte de sedimentos até o mar.
3. Depositados no fundo do oceano, esses sedimentos se transformam em rochas sedimentares.
4. Conforme afundam na crosta oceânica, essas rochas tornam-se metamórficas. Ao mergulharem no manto, fundem-se e voltam à superfície como lava.
A origem do relevo é um conteúdo clássico do 6º ano que costuma ser ensinado de forma fragmentada. Fala-se em cadeias de montanhas, planaltos, depressões e planícies. Aborda-se a ação dos agentes internos (como o vulcanismo) ou externos (como ventos e chuva) que ajudam a esculpir as formas visíveis. Apontam-se, é verdade, algumas ligações entre a formação geológica e a parte da paisagem que enxergamos. Mas raramente o processo é visto como um ciclo (como mostra o infográfico acima). Relacionando conceitos de geologia e geografia física, o professor pode ajudar a turma a estabelecer essa relação.
Bruno Leardine trabalhou esses temas com a turma de 6º ano do Colégio Santana, em Vinhedo, a 77 quilômetros de São Paulo. "Meu objetivo era que os alunos entendessem a Terra como um sistema em constante mutação e compreendessem que os movimentos internos interferem no relevo", conta. Tudo começou com um desafio tipicamente geológico proposto pelo docente: "O que você acha que tem no centro da Terra?". Nessa hora, um aluno dava uma resposta mais criativa que o outro: "Ali vivem ETs" ou "Podemos ir até lá em um carro supersônico". "Assim, eu pude mapear o imaginário da sala", diz o professor.
Em vez de descartar essas ideias, Leardine propôs que os estudantes analisassem a viabilidade científica das propostas nas aulas seguintes, questionando cada uma delas: "É possível encontrar vida no interior do planeta?", "Por quais camadas esse carro supersônico teria de passar?". Os alunos foram convidados a coletar dados na internet e responder às perguntas. Depois, um analisou o texto do outro. "Isso os ajudou a comparar fontes bibliográficas e conhecer outros pontos de vista sobre um mesmo problema", afirma.
Foi nessa pesquisa que a turma teve o primeiro contato com os conceitos de camadas terrestres e placas tectônicas. Para detalhá-los, o professor organizou, no laboratório, um experimento sobre as correntes de convecção do interior da Terra. Um recipiente com água quente e corante foi mergulhado em outro com água fria. Curiosos, os estudantes observaram o líquido quente subir por causa da temperatura. É a simulação de uma erupção vulcânica. Na natureza, a lava se resfria e vira rocha de montanha.
Bruno Leardine trabalhou esses temas com a turma de 6º ano do Colégio Santana, em Vinhedo, a 77 quilômetros de São Paulo. "Meu objetivo era que os alunos entendessem a Terra como um sistema em constante mutação e compreendessem que os movimentos internos interferem no relevo", conta. Tudo começou com um desafio tipicamente geológico proposto pelo docente: "O que você acha que tem no centro da Terra?". Nessa hora, um aluno dava uma resposta mais criativa que o outro: "Ali vivem ETs" ou "Podemos ir até lá em um carro supersônico". "Assim, eu pude mapear o imaginário da sala", diz o professor.
Em vez de descartar essas ideias, Leardine propôs que os estudantes analisassem a viabilidade científica das propostas nas aulas seguintes, questionando cada uma delas: "É possível encontrar vida no interior do planeta?", "Por quais camadas esse carro supersônico teria de passar?". Os alunos foram convidados a coletar dados na internet e responder às perguntas. Depois, um analisou o texto do outro. "Isso os ajudou a comparar fontes bibliográficas e conhecer outros pontos de vista sobre um mesmo problema", afirma.
Foi nessa pesquisa que a turma teve o primeiro contato com os conceitos de camadas terrestres e placas tectônicas. Para detalhá-los, o professor organizou, no laboratório, um experimento sobre as correntes de convecção do interior da Terra. Um recipiente com água quente e corante foi mergulhado em outro com água fria. Curiosos, os estudantes observaram o líquido quente subir por causa da temperatura. É a simulação de uma erupção vulcânica. Na natureza, a lava se resfria e vira rocha de montanha.
A explicação completa não para por aí. O grande avanço é explorar o ciclo das rochas. "É importante entender como as rochas estão na paisagem e sustentam o relevo, além de dar origem aos solos", explica Sueli Furlan, professora de Geografia da Universidade de São Paulo (USP). Elas, por sua vez, estão sujeitas à ação climática, que provoca erosão. Depositadas no fundo do mar, mergulham no manto e podem voltar à superfície, novamente, na forma de lava. E daí resfriar, virar rocha, sofrer erosão...
Essa interação não ocorre da mesma maneira em todas as partes do globo. Por isso, é interessante explorar outros casos para favorecer a comparação. Foi a opção de Leardine. De volta à sala de aula, os alunos recortaram os continentes de um mapa-múndi impresso em uma folha sulfite como um quebra-cabeças e pesquisaram a Teoria da Deriva Continental. Leardine chamou a atenção para a semelhança entre os solos do Brasil e da África, explicando que ambos derivam de rochas cristalinas que formavam um único continente pré-histórico, chamando Gondwana. Com as novas informações, a turma entendeu que o processo de formação de relevo que eles haviam simulado em laboratório era muito mais intenso nas regiões próximas às bordas de placas tectônicas. No meio delas, entretanto, o fenômeno era distinto (veja o infográfico abaixo).
Comparando fotos de paisagens, a garotada aprofundou a análise de como os tipos de relevo se manifestam ao redor do mundo. No final da sequência, a avaliação veio na forma de um desafio. Escolhendo um tema como eixo - centro da Terra, Cordilheira dos Andes (dobramento moderno) ou Chapada Diamantina (dobramento antigo) -, cada grupo deveria explicar as relações entre os movimentos internos do globo e as transformações que elas geram na superfície. A turma entendeu que a paisagem é dinâmica e que as forças que a moldam podem não estar aparentes. E que vulcanismo, relevo, rocha e solo só estão separados nos capítulos dos livros de Geografia.
Essa interação não ocorre da mesma maneira em todas as partes do globo. Por isso, é interessante explorar outros casos para favorecer a comparação. Foi a opção de Leardine. De volta à sala de aula, os alunos recortaram os continentes de um mapa-múndi impresso em uma folha sulfite como um quebra-cabeças e pesquisaram a Teoria da Deriva Continental. Leardine chamou a atenção para a semelhança entre os solos do Brasil e da África, explicando que ambos derivam de rochas cristalinas que formavam um único continente pré-histórico, chamando Gondwana. Com as novas informações, a turma entendeu que o processo de formação de relevo que eles haviam simulado em laboratório era muito mais intenso nas regiões próximas às bordas de placas tectônicas. No meio delas, entretanto, o fenômeno era distinto (veja o infográfico abaixo).
Comparando fotos de paisagens, a garotada aprofundou a análise de como os tipos de relevo se manifestam ao redor do mundo. No final da sequência, a avaliação veio na forma de um desafio. Escolhendo um tema como eixo - centro da Terra, Cordilheira dos Andes (dobramento moderno) ou Chapada Diamantina (dobramento antigo) -, cada grupo deveria explicar as relações entre os movimentos internos do globo e as transformações que elas geram na superfície. A turma entendeu que a paisagem é dinâmica e que as forças que a moldam podem não estar aparentes. E que vulcanismo, relevo, rocha e solo só estão separados nos capítulos dos livros de Geografia.
...relevo antigo, no centro do continente
Áreas consolidadas, como a Serra do Mar, sofrem mais com a erosão
Áreas consolidadas, como a Serra do Mar, sofrem mais com a erosão
1. Entre 570 e 510 milhões de anos atrás, a separação das placas tectônicas dividiu o continente Gondwana em duas placas: Sul-americana e Africana.
2. Na placa Sul-americana, as rochas eram rígidas e não se dobraram como nos Andes. Em vez disso, racharam. Surgiram escarpas, como a Serra do Mar.
3. Por estar no meio da placa, essa região tem pouca atividade tectônica. Em vez de crescer, a Serra do Mar se desgasta, com a erosão provocada pelo clima.
Diferentes tipos de solo
Expostas ao clima e à vegetação, as rochas se decompõem e formam os solos.
A Serra do Mar é um terreno antigo, com sedimentos abundantes em uma região de clima úmido, o que dá origem a uma rica vegetação e a um solo espesso.
Já a Cordilheira dos Andes quase não tem solo, é coberta predominantemente por rochas e areia.
2. Na placa Sul-americana, as rochas eram rígidas e não se dobraram como nos Andes. Em vez disso, racharam. Surgiram escarpas, como a Serra do Mar.
3. Por estar no meio da placa, essa região tem pouca atividade tectônica. Em vez de crescer, a Serra do Mar se desgasta, com a erosão provocada pelo clima.
Diferentes tipos de solo
Expostas ao clima e à vegetação, as rochas se decompõem e formam os solos.
A Serra do Mar é um terreno antigo, com sedimentos abundantes em uma região de clima úmido, o que dá origem a uma rica vegetação e a um solo espesso.
Já a Cordilheira dos Andes quase não tem solo, é coberta predominantemente por rochas e areia.
Fonte: NOVA ESCOLA Edição 282,
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