sábado, 22 de junho de 2013

Reforma dos Cem Dias

Reforma dos Cem Dias   K'ang Yu-wei, um dos líderes da Reforma dos Cem Dias.   No período de fortalecimento das instituições políticas, observado entre os anos de 1862 e 1894, a China passou a dominar algumas das tecnologias e técnicas militares desenvolvidas no mundo ocidental. No entanto, o contato dos oficiais militares com esses conceitos ocidentais inaugurou um importante movimento por reformas. Esse grupo de militares entendia que o fortalecimento chinês não passava apenas pela reciclagem de suas práticas militares.   Vários oficiais chineses passaram a defender uma reforma profunda nas instituições políticas de seu país. Na verdade, esse processo de aproximação com os valores da sociedade ocidental se deu ao longo dos anos e teve maior força quando as práticas imperialistas do século XIX e as crises econômicas chinesas ganharam grandes proporções. Em 1895, a derrota na Guerra Sino-Japonesa ampliou o sentimento em favor de mudanças. As humilhantes exigências feitas pelo Tratado de Shimonoseki, que selou o fim dos confrontos com o Japão, ampliaram ainda mais o sentimento mudancista entre os chineses.   Inspirados pela modernização já experimentada pelos japoneses, uma série de sociedades patrióticas surgiam na China com o intuito de repesar as instituições de seu país. Várias lideranças políticas do próprio império começaram a admitir a realização de reformas no interior do governo. Dois principais grupos passaram a liderar um debate político que envolvia a liderança do movimento reformista.   Um grupo de líderes do norte, influenciados por Chang Chih-tung, apoiavam a imperatriz Cixi na ascensão de transformações políticas. Outro grupo sulista, representado pelas idéias de K'ang Yu-wei, apoiavam o fortalecimento das instituições e davam apoio ao Imperador Guangxu, que era sobrinho de Cixi. Essa disputa dividiu a China entre essas duas autoridades monárquicas. A discordância iniciaria a chamada Reforma dos Cem Dias.   Em 11 de junho de 1898, o imperador Guangxu estabeleceu um decreto autorizando a população chinesa a buscar obras e teorias estrangeiras. A partir de então, o grupo de reformadores políticos sulistas, liderados por K’ang, conseguiu a assinatura de diversos decretos que modificavam os estatutos educacionais, políticos, econômicos e militares da China. Nos próximos 103 dias de 1898, a China viveu uma avalanche de transformações.   O acesso à educação foi ampliado e as grades curriculares foram reformadas com base nos sistemas de ensino ocidentais. A estrutura político-administrativa foi simplificada, os antigos privilégios foram abolidos e a corrupção foi sistematicamente combatida. A economia ganhava feições liberais com os incentivos de diferentes setores da economia e a modernização dos transportes. No aspecto jurídico, os códigos de lei deveriam ser simplificados.   Mesmo contando com o apoio do imperador, a avalanche de reforma não atingiu o efeito esperado. Os representantes políticos da época não tinham condições de conduzir um conjunto tão amplo de modificações. Ao mesmo tempo, a reação dos conservadores e da imperatriz Cixi colocaram a reforma em risco. Com a denúncia de um golpe contra a Imperatriz, os reformadores e o imperador foram perseguidos pelas tropas reais e as medidas tomadas foram anuladas.   Os conservadores empreenderam uma violenta reação anti-reformista. A imperatriz voltou a controlar fortemente os ditames da política chinesa. Mesmo com a falta de apoio político, a modernização começou a ser uma questão urgente a extratos mais amplos da população. Anos mais tarde, a Revolta dos Boxers (1901) reinstalou a urgência das transformações. Percebendo a situação vigente, a própria imperatriz começou a adotar pontos defendidos pela Reforma dos Cem Dias.   A demora das reformas empreendidas pelo governo imperial foi responsável pela manutenção de idéias antiimperialistas. Com o passar dos anos, a classe intelectual e política chinesa mostrou-se certa a respeito da quebra do milenar império chinês. Em 1911, um movimento de liberalização política deu fim à dinastia dos Manchus e abriu portas para uma nova conjuntura política na China. 
K'ang Yu-wei, um dos líderes da Reforma dos Cem Dias.




No período de fortalecimento das instituições políticas, observado entre os anos de 1862 e 1894, a China passou a dominar algumas das tecnologias e técnicas militares desenvolvidas no mundo ocidental. No entanto, o contato dos oficiais militares com esses conceitos ocidentais inaugurou um importante movimento por reformas. Esse grupo de militares entendia que o fortalecimento chinês não passava apenas pela reciclagem de suas práticas militares. 

Vários oficiais chineses passaram a defender uma reforma profunda nas instituições políticas de seu país. Na verdade, esse processo de aproximação com os valores da sociedade ocidental se deu ao longo dos anos e teve maior força quando as práticas imperialistas do século XIX e as crises econômicas chinesas ganharam grandes proporções. Em 1895, a derrota na Guerra Sino-Japonesa ampliou o sentimento em favor de mudanças. As humilhantes exigências feitas pelo Tratado de Shimonoseki, que selou o fim dos confrontos com o Japão, ampliaram ainda mais o sentimento mudancista entre os chineses. 

Inspirados pela modernização já experimentada pelos japoneses, uma série de sociedades patrióticas surgiam na China com o intuito de repesar as instituições de seu país. Várias lideranças políticas do próprio império começaram a admitir a realização de reformas no interior do governo. Dois principais grupos passaram a liderar um debate político que envolvia a liderança do movimento reformista. 

Um grupo de líderes do norte, influenciados por Chang Chih-tung, apoiavam a imperatriz Cixi na ascensão de transformações políticas. Outro grupo sulista, representado pelas idéias de K'ang Yu-wei, apoiavam o fortalecimento das instituições e davam apoio ao Imperador Guangxu, que era sobrinho de Cixi. Essa disputa dividiu a China entre essas duas autoridades monárquicas. A discordância iniciaria a chamada Reforma dos Cem Dias. 

Em 11 de junho de 1898, o imperador Guangxu estabeleceu um decreto autorizando a população chinesa a buscar obras e teorias estrangeiras. A partir de então, o grupo de reformadores políticos sulistas, liderados por K’ang, conseguiu a assinatura de diversos decretos que modificavam os estatutos educacionais, políticos, econômicos e militares da China. Nos próximos 103 dias de 1898, a China viveu uma avalanche de transformações. 

O acesso à educação foi ampliado e as grades curriculares foram reformadas com base nos sistemas de ensino ocidentais. A estrutura político-administrativa foi simplificada, os antigos privilégios foram abolidos e a corrupção foi sistematicamente combatida. A economia ganhava feições liberais com os incentivos de diferentes setores da economia e a modernização dos transportes. No aspecto jurídico, os códigos de lei deveriam ser simplificados. 

Mesmo contando com o apoio do imperador, a avalanche de reforma não atingiu o efeito esperado. Os representantes políticos da época não tinham condições de conduzir um conjunto tão amplo de modificações. Ao mesmo tempo, a reação dos conservadores e da imperatriz Cixi colocaram a reforma em risco. Com a denúncia de um golpe contra a Imperatriz, os reformadores e o imperador foram perseguidos pelas tropas reais e as medidas tomadas foram anuladas. 

Os conservadores empreenderam uma violenta reação anti-reformista. A imperatriz voltou a controlar fortemente os ditames da política chinesa. Mesmo com a falta de apoio político, a modernização começou a ser uma questão urgente a extratos mais amplos da população. Anos mais tarde, a Revolta dos Boxers (1901) reinstalou a urgência das transformações. Percebendo a situação vigente, a própria imperatriz começou a adotar pontos defendidos pela Reforma dos Cem Dias. 

A demora das reformas empreendidas pelo governo imperial foi responsável pela manutenção de idéias antiimperialistas. Com o passar dos anos, a classe intelectual e política chinesa mostrou-se certa a respeito da quebra do milenar império chinês. Em 1911, um movimento de liberalização política deu fim à dinastia dos Manchus e abriu portas para uma nova conjuntura política na China.

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