sábado, 8 de junho de 2013

O problema da Pré-História na História


 Sociedades pré-históricas: sinônimo de atraso?  O conceito de Pré-História determina questões anteriores ao surgimento do homem na Terra. A idéia de Pré-História fundou-se em uma perspectiva onde alguns historiadores pensavam ser impossível estudar o passado de sociedades que não dominavam a escrita. Dessa maneira, tais estudos pré-históricos compreendiam esse recorte de espaço-temporal como o momento em que as sociedades deveriam desenvolver-se até alcançarem formas específicas de organização.   Dois grandes eventos que estabeleciam o fim da Pré-história, na visão desses historiadores, eram o desenvolvimento da escrita e a dominação das técnicas agrícolas. Fora disso, qualquer sociedade que ainda conservasse hábitos como o nomadismo ou utilização de outras formas de expressões estariam ainda “presos aos tempos pré-históricos”. De fato, esse tipo de concepção abandona um rico universo de costumes e hábitos que podem oferecer um olhar mais compreensivo a tal época.   O desenvolvimento de certos tipos de relação do homem com a natureza – durante a Pré-História – se difere em muito das formas por nós hoje concebidas. A submissão a certas imposições do meio natural e o uso diverso dos recursos oferecidos pelo meio estabeleciam uma relação muito mais integrada do homem com a natureza. Certas sociedades humanas, ao enxergarem o domínio da natureza como um sinal de “melhora” de suas condições de vida, acabou subjugando o planeta e outras sociedades aos seus próprios interesses.   A partir de então, algumas civilizações adotaram a dominação e a exploração da natureza como os pilares daquilo que o historiador Alfredo Bosi chama de “religião do progresso”. Nos séculos XV e XIX, a dominação das nações européias sobre os povos americanos e afro-asiáticos – motivadora do olhar preconceituoso em relação aos negros, índios e orientais – se justifica na substituição do “atraso” pelo “progresso”. Dessa maneira, vemos que o que está em jogo é muito mais que o simples alcance de formas mais práticas e confortáveis de vida.   Os atuais problemas ambientais envolvendo a elevação das temperaturas do planeta e o dilema sobre a futura escassez de água potável são alguns pontos em que observamos as falhas de boa parte dos costumes das civilizações contemporâneas. Hoje, não podemos querer viver de forma pré-histórica ou abolir radicalmente os costumes da nossa sociedade. O grande desafio é repensar nossa vindoura relação com o planeta e assim, talvez, traçarmos outro olhar sobre o tal “atraso” dos povos pré-históricos.
Sociedades pré-históricas: sinônimo de atraso?

O conceito de Pré-História determina questões anteriores ao surgimento do homem na Terra. A idéia de Pré-História fundou-se em uma perspectiva onde alguns historiadores pensavam ser impossível estudar o passado de sociedades que não dominavam a escrita. Dessa maneira, tais estudos pré-históricos compreendiam esse recorte de espaço-temporal como o momento em que as sociedades deveriam desenvolver-se até alcançarem formas específicas de organização.

Dois grandes eventos que estabeleciam o fim da Pré-história, na visão desses historiadores, eram o desenvolvimento da escrita e a dominação das técnicas agrícolas. Fora disso, qualquer sociedade que ainda conservasse hábitos como o nomadismo ou utilização de outras formas de expressões estariam ainda “presos aos tempos pré-históricos”. De fato, esse tipo de concepção abandona um rico universo de costumes e hábitos que podem oferecer um olhar mais compreensivo a tal época.

O desenvolvimento de certos tipos de relação do homem com a natureza – durante a Pré-História – se difere em muito das formas por nós hoje concebidas. A submissão a certas imposições do meio natural e o uso diverso dos recursos oferecidos pelo meio estabeleciam uma relação muito mais integrada do homem com a natureza. Certas sociedades humanas, ao enxergarem o domínio da natureza como um sinal de “melhora” de suas condições de vida, acabou subjugando o planeta e outras sociedades aos seus próprios interesses.

A partir de então, algumas civilizações adotaram a dominação e a exploração da natureza como os pilares daquilo que o historiador Alfredo Bosi chama de “religião do progresso”. Nos séculos XV e XIX, a dominação das nações européias sobre os povos americanos e afro-asiáticos – motivadora do olhar preconceituoso em relação aos negros, índios e orientais – se justifica na substituição do “atraso” pelo “progresso”. Dessa maneira, vemos que o que está em jogo é muito mais que o simples alcance de formas mais práticas e confortáveis de vida.

Os atuais problemas ambientais envolvendo a elevação das temperaturas do planeta e o dilema sobre a futura escassez de água potável são alguns pontos em que observamos as falhas de boa parte dos costumes das civilizações contemporâneas. Hoje, não podemos querer viver de forma pré-histórica ou abolir radicalmente os costumes da nossa sociedade. O grande desafio é repensar nossa vindoura relação com o planeta e assim, talvez, traçarmos outro olhar sobre o tal “atraso” dos povos pré-históricos.

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